24 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Mundo

Flexibilizações impõem crescimento da Covid-19 nos EUA, Europa, China e Rússia

Brasil precisa continuar avançando na vacinação, com segunda dose a todos, vacinar as crianças e seguir utilizando máscaras

Ponto fora da curva, o Brasil viu o mundo sendo atingido pela Covid-19, antes da pandemia chegar com força por aqui. E apesar de números relativamente maiores por aqui, o que víamos era o mesmo cenário: quando acabava por lá, retornava por aqui. E vice-versa.

Isso pode estar acontecendo de novo. Enquanto o aumento da vacinação derruba o número de casos, hospitalizações e mortes no Brasil, alguns desses indicadores voltaram a crescer em diversos países na América, Europa e em nações como Rússia e China.

Os motivos vão desde os baixos índices de vacinação em alguns países, que ao contrário do nosso não possuem cultura de vacinação, ao aumento da circulação de pessoas em regiões vacinadas, graças às flexibilizações de decreto.

Na Europa, a semana terminada em 19 de outubro contabilizou 1,3 milhão de casos, com alta de 7% em relação à anterior, segundo o Centro Europeu de Controle de Doenças.

O problema é mais grave na Europa Oriental em razão da vacinação lenta, com 13 países registrando aumento de mortes há pelo menos duas semanas.

Já nas Américas, a situação preocupa em ao menos seis países, incluindo no Canadá, onde a vacinação foi melhor. Mesmo com 74% de imunizados, o país enfrenta a quarta onda após queda no ritmo da vacinação em agosto. Foram três milhões a menos de pessoas que foram se vacinar, de um mês pro outro, ampliando os casos em 7 vezes e mais do que triplicando o número de óbitos.

Atualmente com 58% de vacinados, o México parecia ter controlado a doença em maio, mas uma terceira onda elevou as ocorrências: 4.900 mortos na semana terminada em 5 de setembro. A vacinação em massa a partir de agosto derrubou os índices, embora o número de mortos continue em patamar elevado: 1.800 na semana terminada em 24 de outubro.

Já na China, apesar de 75% da população estar totalmente vacinada, “desde 17 de outubro ocorreram vários surtos locais espalhados na China, e eles estão se expandindo rapidamente”, afirmou no domingo (24) o porta-voz da Comissão Nacional de Saúde da China, Mi Feng.

O pior caso é na Rússia: foram 1.159 óbitos e 40.096 infectados em 28 de outubro, segundo dados do governo. Ao todo, o país contabilizou 142 mil casos na semana de 24 de outubro e 7 mil mortos no período, um recorde no país. Apenas 33% dos russos se vacinaram.

Brasil

A grande vantagem é sua vacinação mais recente do que nos Estados Unidos, Israel e Reino Unido e por isso a imunidade ainda não caiu. Mas é preciso continuar avançando, com segunda dose a todos, vacinar as crianças e organizar uma flexibilização cautelosa e com vigilância atenta para retomar as medidas restritivas se necessário.

Estas são afirmações do professor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, o infectologista Marco Aurélio Sáfadi, que reforça que “todas as vacinas aprovadas são extremamente eficientes para prevenir morte e hospitalização”, mas “elas não têm a mesma performance para prevenir transmissão”.

Esta semana, no entanto, o Rio de Janeiro autorizou a dispensa de máscara ao ar livre, enquanto São Paulo decretou o fim do distanciamento social. E isso seria cedo demais, antes da vacinação estar um pouco mais avançada.

“Se nos países civilizados há recrudescimento de casos, o que pode acontecer no Brasil?. A gente ainda tem muita gente descoberta e isso pode levar ao surgimento de uma nova variante. Mesmo os vacinados ainda precisam usar máscara, não aglomerar e usar álcool em gel.”