Logo depois da abertura política no Brasil, os exilados pela ditadura militar começaram a voltar ao País. Entre ele o jornalista Fernando Gabeira, ex-militante do Movimento Oito de Outubro.
Na volta, Gabeira tornou-se famoso também por lançar na praia de Ipanema uma tanga de crochê lilás. A tanga do Gabeira foi notícia no País inteiro.
Aqui em Alagoas, o jornalista Roberto Villanova, um fã de Gabeira, e frequentador assíduo da praia de Garça Torta – então território livre de uma juventude mais progressista, amante da natureza, dos saraus à beira mar e da convivência em plena harmonia com os nativos pescadores – convidou amigos para o lançamento de sua tanga de crochê lilás na praia da Garça.
Segundo a jornalista Bleine Oliveira, “Bob Villanova” não fez tanto sucesso como Gabeira, mas foi aplaudido pelas colegas que o acompanharam no dia do lançamento.
Essa memória vem apenas para ilustrar o estilo de ser e ver dos viventes da Garça Torta, há décadas.
Desde os anos 70 que lá se instalaram artistas plásticos, arquitetos, jornalistas, músicos, professores universitários, estudantes, surfistas e intelectuais de todas as correntes.
Gente que contribuiu com o processo de diversificação cultural do bairro. Lá se formou uma comunidade com pensamento livre e estilo de vida pacato.
A preservação da história e da qualidade de vida dos moradores é uma defesa natural de quem mora lá e um dever do poder público.
Mas, quando a intervenção do poder atropela os interesses da comunidade, a reação também se faz de forma determinada. Sem agressão, mas com argumentos fundamentados.
A Garça Torta hoje está pedindo ajuda a todos contra uma intervenção do município, que para a comunidade vai só tirar a tranquilidade da vida local.
Que a comunidade seja ouvida e seus argumentos devidamente respeitados.
E salve a Garça!