11 de dezembro de 2024Informação, independência e credibilidade
Policia

General preso por trama golpista preparou roteiro para deputados bolsonaristas

O roteiro foi encontrado em HD de computador do militar que foi ex-secretário geral da presidência no governo Bolsonaro

Em um HD do general Mário Fernandes, a Polícia Federal (PF) encontrou um documento detalhando estratégias para uso por deputados bolsonaristas na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro.

Fernandes, ex-secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência, foi preso na terça-feira (19/11), acusado de envolvimento em um plano golpista que incluía os assassinatos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro do STF Alexandre de Moraes.

O roteiro, datado de 16 de maio de 2023, dez dias antes da instalação da CPMI, possui três páginas e revela uma narrativa coordenada para desviar o foco dos atos golpistas.

Segundo divulgou o jornal Metrópoles, o documento orientava a oposição a explorar o episódio politicamente, atacando o governo federal, o Supremo Tribunal Federal (STF) e a Polícia Federal (PF).

As orientações, descritas como “ideias-forças”, tinham como finalidade: responsabilizar o governo Lula alegando que que o Executivo teria prevaricado  ao supostamente saber dos riscos e não evitar os ataques às sedes dos Três Poderes. O documento orientava a oposição a apontar “leniência” do governo, explorando politicamente os acontecimentos.

O texto orientava os parlamentares de oposição a associar a prisão de bolsonaristas envolvidos nos atos do 8 de janeiro de 2023 ao “tratamento dos judeus pelos nazistas”. O texto afirmava que as detenções foram arbitrárias e coletivas, ferindo o princípio de individualidade nos julgamentos, além de acusar a PF de cometer “abusos”, seguir “ordens ilegais” e violar o devido processo legal ao prender cerca de 1,5 mil pessoas envolvidas nos atos golpistas.

Ainda segundo a reportagem, o documento também listava nomes de autoridades que deveriam ser convocadas pela CPMI, incluindo o então ministro da Justiça Flávio Dino, atual ministro do STF,  e o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Gonçalves Dias. Ele também sugeria perguntas para tentar construir narrativas contra o governo e instituições democráticas.