29 de março de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Guedes chama ministro astronauta de burro e se pergunta o que ainda faz no governo

Em desabafo com deputados, ministro da Economia falou ainda da incompetência de Ônyx e que quem controla o dinheiro é Ciro Nogueira, do centrão

Marcos Pontes, o ministro astronauta da Ciência e Tecnologia, foi chamado de burro por Paulo Guedes, ministro da Ecoomia

Eu reunião nesta terça (27), o ministro da Economia Paulo Guedes demonstrou impaciência com alguns de seus colegas do governo, chamou vários de incompetentes e disse que Marcos Pontes, o ministro astronauta à frente da pasta de Ciência e Tecnologia, é burro.

O ministro da Economia Guedes falou ainda que tentaram derrubá-lo recentemente e que a todo momento tentam culpá-lo pelos fracassos do governo.

“Às vezes eu mesmo me pergunto o que estou fazendo aqui”. Paulo Guedes, ministro da Economia.

E se esquivou de maiores responsabilidades, ao afirma pros presentes que não é político, nem nunca foi, e que quem decide para onde vai o dinheiro é a Casa Civil, comandada por Ciro Nogueira (PP-PI) do Centrão. .Ele afirmou que é de Nogueira a ordem de colocar ou tirar recursos das pastas.

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O desabafo de Guedes foi feito em encontro com integrantes da comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara, que brigam para ter de volta R$ 600 milhões de recursos retirados do ministério da área. Entre testemunhas, estavam deputados da base e de oposição.

Guedes foi além e afirmou que há muita incompetência na gestão do dinheiro público e que ministros do presidente Jair Bolsonaro não executam os recursos que estão disponíveis, deixando valores parados, sem utilização.

Como a pauta eram os recursos de R$ 600 milhões para Ciência e Tecnologia, Guedes muito falou da pasta, mas sem citar o nome de Pontes. O chamava de astronauta e afirmou que ele vive no ‘espaço’ e que não entenderia nada de gestão.

Como exemplo, Guedes afirmou que cerca de 50% da execução orçamentária até agora não foi feita, se queixando das prioridades daquele ministério. Guedes disse defender a ciência, mas que o dinheiro está sendo usado apenas em foquetes.

Como contraste, o ministro da Economia elogiou Tarcísio de Freitas, titular da Infraestrutura, que seria um “exemplo da boa utilização dos recursos públicos”. Segundo Guedes, tudo que entra na pasta, logo sai para investimentos na área.

Ônyx Lorenzoni, titular do Trabalho, é considerado incompetente por Guedes por causa da falta de prioridade nos recursos

Ônyx e Marinho

Também sobrou para outros dois membros do governo. Um deles Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional). De acordo com Guedes, Jair Bolsonaro pediu no início do ano R$ 1 bilhão para a Infraestrutura. Depois de alguns estudos, Guedes declarou que decidiu que teria que tirar da pasta de Marinho.

Esse corte de recursos, inclusive, teria provocado o “piripaque” (palavras de Guedes) que Marinho teve na Bahia, pouco depois de pedir férias. Seu colega de Esplanada, na verdade, precisou fazer uma cirurgia no coração em julho.

Sobrou também para Ônyx Lorenzoni, o ministro do Trabalho. Segundo um parlamentar que estava na reunião, a prioridade de Lorenzoni era ” gastar dinheiro fazendo campinhos de futebol no Sul do país e campeonatos”.

Guedes mostrou incômodo com a distribuição de medalhas e de troféu nestes s supostos campeonatos organizados, em vez de pensar em outras prioridades.

Vice-líder

Um dos presentes na reunião foi o vice-líder do governo na Câmara, o deputado Evair de Melo (PP). Segundo ele, Guedes não estava irritado, mas agoniado, e que suas falas foram no sentido de incentivar os apoiadores da gestão Bolsonaro.

“O ministro Paulo Guedes precisa ter execução orçamentária. A palavra não é irritado, mas agoniado. O ministro está vendo que chegou novembro e nós precisamos dar agilidade às execuções orçamentárias. É atitude de quem é responsável. O Paulo Guedes vai ser cobrado no final de ano pelo todo. Ele está fazendo o papel dele de botar pilha e cobrar dos ministros as execuções financeiras”. Evair de Melo, vice-líder do governo.

Para amenizar a crítica ao ministro Pontes, Evair disse que “Guedes é assim mesmo” que também fez autocríticas:

“Ele falou ‘eu era um burro de política pública, de burocracia interna do órgão, era um incompetente. E aí fui estudar e ler’. Foi uma reunião informal para poder dizer da dificuldade que é, muito mais reclamando da lentidão da máquina pública, da burocracia. Não foi nada pessoal. Se alguém te passou em tom jocoso, foi com maldade para criar desavença”. Evair de Melo.

Líder do governo na Câmara, Evair de Melo coloca panos quentes após reunião interna de Guedes vazar