29 de setembro de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Guedes já não sabe mais se segue como ministro em eventual 2º mandato de Bolsonaro

Titular da Economia deixou cenário em aberto caso governo vire apenas conservador, mas jurou entusiasmo com continuidade do apoio à agenda liberal

O ministro Paulo Guedes (Economia) não tem mais 100% de certeza sobre seguir no governo do presidente Jair Bolsonaro, em um eventual segundo mandato.

Ele afirmou que haveria entusiasmo caso continue a existir o que chama de aliança entre conservadores e liberais, mas deixou em aberto o cenário caso o governo se transforme apenas em conservador.

“É o que eu digo do entusiasmo. Se você tem a crença dentro [bate no peito], se ver que essa aliança de conservadores e liberais está seguindo, você está entusiasmado. Agora, se for um governo só conservador e não tiver…. Eu acredito no presidente Bolsonaro, acho que ele quer o caminho da prosperidade. Agora, há atrativos, há entornos, tem gente que quer desviá-lo, tem gente que acha que as estatais são boas, que Correios, Casa da Moeda, Petrobras têm que ficar com governo mesmo. Aí se trocar de dirigismo de esquerda para dirigismo de direita, a gente conhece as experiências históricas e o que vai acontecer”. Paulo Guedes.

As declarações foram dadas após uma sequência de perguntas sobre o tema durante entrevista ao programa Direto ao Ponto, da TV Jovem Pan News. Esta é a primeira vez que o ministro coloca em dúvida publicamente sua continuidade no governo caso Bolsonaro seja reeleito.

Atritos

Aliados afirmavam que o ministro poderia continuar ao lado de Bolsonaro na campanha, mas ressaltavam que as dificuldades acumuladas ao longo do governo demandariam agora uma garantia de apoio do presidente ao programa liberal.

Apesar disso, Guedes afirmou nesta segunda que não se arrepende de ter entrado no governo e que, hoje, responderia “sim” sobre sua eventual permanência em um segundo mandato. “Enquanto eu tiver a confiança dele e entusiasmo, nós vamos estar juntos. Eu confio nele”, disse.

O ministro, que já se disse frustrado em outras ocasiões com a falta de avanço da agenda liberal e já lamentou a falta de apoio a suas pautas, disse na entrevista que subestimou a resistência do “establishment”. Mesmo assim, disse ainda acreditar na privatização da Eletrobras –embora não que o processo será concluído ainda no primeiro semestre.