29 de março de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

Guerra da Ucrânia pode causar recessão na economia brasileira

PIB de 2021 será divulgado nesta quinta-feira pelo IBGE e especialistas não apostam na meta do governo

 

 

PIB de 2021 será revelado nesta quinta-feira, pelo IBGE

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgará o Produto Interno Bruto (PIB) do ano de 2021 nesta quinta-feira, quando será a hora da verdade sobre quanto a economia brasileira conseguiu se recuperar do tombo de 3,9% (revisado) registrado em 2020 por conta da pandemia da covid-19.

A mediana das expectativas do mercado, coletadas pelo Banco Central no boletim Focus, é de um crescimento do volume de riquezas produzidas pelo país de 4,5%, abaixo da alta de 5,1% esperada pela equipe econômica. O ministro da Economia, Paulo Guedes, até chegou a admitir recentemente a possibilidade de o PIB ter ficado abaixo desse patamar, mas continua prevendo um crescimento neste ano que a maioria dos analistas não consegue ver. A estimativa da pasta para a alta do PIB em 2022 é de 2,1%, mas a mediana das projeções do mercado indica uma alta de apenas 0,3%, em linha com o Fundo Monetário Internacional (FMI). Guedes sempre critica os pessimistas e repete o bordão de que “todos vão errar”.

Choque de realidade
Choque de realidade(foto: Editoria de Arte do Correio)

 

Especialistas, por sua vez, alertam que, mesmo se for confirmado crescimento de 5% em 2021, o PIB não terá voltado aos patamares anteriores à recessão de 2015 e 2016. Para piorar, observam que, neste ano e no próximo, as taxas serão medíocres, dado o elevado grau de incerteza em um ano eleitoral, além do fato de o presidente Jair Bolsonaro (PL) estar mais preocupado com a reeleição do que em colocar a economia nos trilhos.

As frustrações com as projeções da economia brasileira são constantes, em grande medida, após a disparada na taxa básica de juros (Selic), atualmente em 10,75% ao ano, devido à inflação de dois dígitos — dois freios para qualquer crescimento econômico. Com isso, a tendência é de menos emprego e renda para a população.

Vale lembrar que as últimas perspectivas no Focus indicam que o PIB deverá crescer 0,3% em 2002, em linha com o Fundo Monetário Internacional (FMI), mas abaixo dos 2,5% previstos no fim de 2020 e no início de 2021. Para o ano que vem, as estimativas são descendentes e estão com mediana de 1,5% — menos da metade da taxa de crescimento esperada pelo FMI para o PIB global, de 3,8%. Agora, devido à guerra no Leste Europeu, analistas não descartam uma nova recessão, pois o Brasil não passará incólume por essa nova turbulência global. (Por Rosana Hessel -CB)