O Incra Alagoas lançou, neste mês de fevereiro, a terceira edição do Relatório de Análise de Mercados de Terras (RAMT). O documento é uma importante fonte para avaliar e obter imóveis rurais com o fim de destiná-los ao Programa Nacional de Reforma Agrária (PNRA).
O RAMT foi elaborado por técnicos do Incra lotados na Divisão de Obtenção de Terras, que coletaram e sistematizaram dados relativos a 2024 referentes aos 102 municípios de Alagoas. O documento apresenta informações sobre transações de imóveis rurais e quadros consolidados com valores de referência para todo o estado.
O RAMT é um instrumento de diagnóstico e análise do mercado de terras. Um dos principais produtos nele contido é a Planilha de Preços Referenciais (PPR), com os valores totais e da terra nua de imóveis rurais, por hectare, separados por região e conforme a finalidade de uso da terra.
Em relação a 2022, ano em que foi publicado o último RAMT de Alagoas, o Incra observou uma valorização do preço das terras em todo o estado. “O agreste alagoano é o que apresenta os maiores valores de terras do estado. É nesta região que se encontram as melhores terras para desenvolvimento da atividade agrícola e pecuária. O que ficou evidente na amostra é que os valores tiveram um significativo aumento, principalmente com as áreas ocupadas pela pecuária”, constata um trecho da pesquisa.
Dentre os critérios analisados e que mais influenciam no preço da terra, o RAMT aponta: o uso do solo, com destaque para a atividade pecuária, e as tecnologias nele empregadas; a infraestrutura; e a topografia.
O estudo destaca ainda os investimentos em rodovias como um fator que contribuiu para a valorização das terras em todo o estado. “Com a melhoria da infraestrutura de transporte, decorrente da pavimentação das principais rodovias do estado, foi se estabelecendo nova dinâmica de valorização dos imóveis rurais no mercado de terras. As terras que se situam ao longo ou próximas dessas rodovias pavimentadas foram valorizadas, independentemente da localização dentro do estado”, cita outra parte do documento.
Metodologia
Para montar o RAMT, a análise foi construída a partir de um conjunto de municípios, denominado Mercado Regional de Terras (MRT). Em Alagoas, foram definidos quatro MRTs: Sertão, Agreste, Zona da Mata e Maceió e entorno. Essa divisão foi estabelecida considerando as características socioeconômicas semelhantes dos municípios enquadrados dentro de um mesmo grupo.
O estudo compreendeu três modalidades de pesquisa: bibliográfica, documental e visitas em campo, executadas entre os meses de agosto e dezembro de 2024. Foram analisados anúncios de imóveis rurais à venda em jornais, sites e redes sociais e realizadas entrevistas com pessoas de diferentes perfis, como proprietários rurais, corretores de imóveis e responsáveis técnicos de empreendimentos no campo.
Os servidores do Incra também consultaram e extraíram dados de diversos sistemas, dentre os quais, o Sistema Nacional de Cadastro Rural (SNCR), o Sistema de Gestão Fundiário (Sigef) e o MapBiomas.
Além de nortear ações do Incra, o RAMT oferece subsídios sobre a dinâmica do mercado de terras a outras instituições públicas, pesquisadores, operadores do mercado imobiliário rural, empreendedores e, de forma geral, pessoas interessadas no tema.
Aprovado e publicado
O Comitê de Decisão Regional do Incra Alagoas – instância administrativa da autarquia – avaliou e aprovou, no último dia 11 de fevereiro, o RAMT. A íntegra do relatório, com 67 páginas, está disponível para consulta pública desde o dia 18, assim como as versões anteriores, de 2018 e 2022.