19 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Economia

Insatisfeito, Bolsonaro suspende o Renda Brasil de Paulo Guedes

Para o presidente, o modelo atual retira recursos de “pobres” e dá a “paupérrimos”

O presidente Jair Bolsonaro bateu de frente com a equipe econômica e afirmou que as discussões sobre o programa Renda Brasil estão suspensas até que sejam feitos ajustes no texto elaborado pelo time do ministro Paulo Guedes.

Para Bolsonaro, o modelo atual retira recursos de “pobres” e dá a “paupérrimos”. Ele afirmou que vai “voltar a conversar” sobre o assunto, mas a proposta que a equipe econômica ofereceu não será enviada ao Parlamento.

Ou seja: Bolsonaro rejeitou o programa concebido pelo Ministério da Economia em mais uma derrota para Guedes. Sua equipe pretendia apresentar ontem o Renda Brasil, mas precisou correr para realizar mudanças, que claramente não fora suficientes.

Como esperado, as divergências expostas pelo presidente foram malvistas pelo mercado financeiro. Logo após as declarações, houve queda brusca no Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira.

A maior crítica do presidente foi, especificamente, a ideia de usar o dinheiro destinado ao abono salarial para financiar o Renda Brasil.

“Não posso tirar de pobre para dar para paupérrimos, não podemos fazer isso aí. Como a questão do abono salarial, para quem tem até dois salários. Seria um 14º, não podemos tirar de 12 milhões de famílias para dar para o Bolsa Família, ou Renda Brasil, seja o que for o nome deste programa”. Jair Bolsonaro, presidente.

Renda Brasil

O programa Renda Brasil possui quatro eixos programáticos, com focos distintos e elaborados de forma a unificar benefícios sociais já existentes.

Um dos quatro eixos deve se chamar Primeira Infância, com destinação de recursos a mães de bebês a partir de seis meses e de crianças com até três anos anos.

Outro objetivo que marca o projeto é criar uma “marca social” para o governo Bolsonaro: a ideia é que, com o dinheiro, elas possam matricular os filhos em creches particulares.

Além da garantia de uma renda mínima, o governo quer que elas tenham tempo adequado para capacitação e inserção no mercado de trabalho.

Em outro eixo, o Bolsa-Família deve mudar de nome para Renda Cidadã e ser unificado com o abono salarial, o seguro-defeso e o salário-família.

Bolsonaro disse não aceitar a incorporação do abono. Dessa forma, caberá ao Ministério da Economia encontrar alternativas para apontar a origem dos recursos.

Como está hoje, um benefício de R$ 300 ou mais para o Renda Brasil exigiria corte adicional de despesas para além da unificação do Bolsa Família, abono salarial, Farmácia Popular e seguro defeso, como era inicialmente previsto pelo time de Guedes.