O ex-presidente Lula (PT) foi o terceiro entrevistado na bancada do Jornal Nacional. E se com o presidente Jair Bolsonaro a sabatina foi combativa e a de Ciro um pouco sonolenta, é possível dizer que o nível de perguntas e interrupções ficou no meio das duas – ainda que pela insistência em se esquivar sobre casos de corrupção no governo do PT.
Diante de um William Bonner menos careteiro e Renata Vasconcellos menos amargurada, Lula, bem humorado, tentou se esquivar de perguntas sobre como evitará corrupção no país caso seja reeleito, admitiu ter havido corrupção na Petrobras e erros da gestão Dilma Rousseff, principalmente na economia. Mas exaltou seu antigo adversário e atual candidato a vice de sua chapa, Geraldo Alckmin (PSDB).
Apesar de não prometer indicações de m procurador-Geral da República, o petista fez críticas a sigilos decretados no governo Jair Bolsonaro (PL) e à ação do PGR Augusto Aras, chamado por ele de “engavetador”. E afirmou que, hoje, quem manda no Brasil é Arthur Lira, líder do centrão:
“Acabou o presidencialismo, o Bolsonaro não manda nada, o Bolsonaro é refém do Congresso Nacional. O Bolsonaro sequer cuida do orçamento, sequer cuida do orçamento. O ministro liga para [Arthur] Lira [presidente do Congresso e líder do centrão], não liga para o Presidente da República. Isso nunca aconteceu desde a proclamação da República. O Bolsonaro parece o bobo da corte. Ele não coordena orçamento. Veja que engraçado, acabou de aumentar o auxílio emergencial para R$ 600, correto? Ele queria R$ 200, agente queria R$ 600, ele mandou R$ 500, agora mandou R$ 600. Até quando? Até dia 31 de dezembro”.
Corrupção
Questionado logo de cara sobre sua prisão no escândalo da Lava Jato, Lula insistiu em dizer que só surge corrupção em governo que permite a investigação.
Ao falar sobre o caso do Mensalão, que ocorreu durante o seu primeiro mandato, Lula comparou o escândalo ao Orçamento Secreto, mecanismo no qual parlamentares conseguem indicar verbas para obras sem a necessidade de detalhar que é o autor da destinação.
Lula disse ainda que Dilma é uma das pessoas por quem mais ele tem respeito, mas que houve endividamento para manter as políticas sociais e desemprego e que a gestão dela “cometeu equívoco na questão da gasolina”. Apesar disso, ele defendeu Dilma e culpou os presidentes do Legislativo na época por parte das dificuldades econômicas que Dilma enfrentou durante seu mandato.
Repercussão
Entre os políticos que estão comentando as declarações de Lula estão ministros do governo, filho do presidente, e o ex-juiz da Operação Lava Jato Sergio Moro (União Brasil) que se dedicou a fazer vários tuítes sobre as falas do ex-presidente.
Moro, que é candidato ao Senado, disse que o petista não explicou “roubalheira” e citou a voz “rouca” do político. O senador Renan Calheiros, por outro lado, chamou Lula de “estadista que conhece o Brasil”.
Após @Lulaoficial no JN fica claro que a escolha é entre a vida x morte, verdade x mentira, democracia x golpe,emprego x fome, crescimento x recessão, transparência x segredos, pacificação x ódio. “Credibilidade, previsibilidade e estabilidade”. Um estadista que conhece o Brasil.
— Renan Calheiros (@renancalheiros) August 26, 2022
Lula não explicou a roubalheira, desviou da pergunta. O saque bilionário à Petrobras aconteceu sem o seu conhecimento? A única verdade na entrevista é a voz rouca.
— Sergio Moro (@SF_Moro) August 25, 2022
Resultado final: Lula não respondeu às perguntas no @jornalnacional e mentiu descaradamente. A entrevista foi muito parecida com os interrogatórios dele na Lava Jato. A população merecia a verdade, não foi desta vez.
— Sergio Moro (@SF_Moro) August 26, 2022
Lula disse que Márcio Thomaz Bastos, seu ministro da justiça, tem reputação ilibada.
Márcio Thomaz Bastos👇 pic.twitter.com/t1VqQoRe13
— Eduardo Bolsonaro🇧🇷 (@BolsonaroSP) August 25, 2022
Não aconteceu nada. Não houve nada. Não sei de nada. Nada. Não erramos nada. Os fatos? Nada. O passado não foi nada. O Brasil não viu nada. Resumo de tudo: nada.
— Ciro Nogueira (@ciro_nogueira) August 25, 2022
Petrolão e mensalão são mecanismos que desvirtuam a democracia. Inacreditável que sigam negando a existência desses esquemas. Isso é um insulto ao cidadão brasileiro.
— Felipe D'Avila | 30 (@fdavilaoficial) August 25, 2022
Bonner já começou dizendo na cara do Lula que ele “não deve nada à Justiça”. PQP!!!!! É a passada de pano mais linda que já vi.
— Bernardo P Küster LIVRE (@bernardokuster2) August 25, 2022
Lula acerta ao denunciar no JN os sigilos de 100 anos que Bolsonaro impõe sobre qualquer tema que toque sua família ou escândalos de corrupção no seu governo. Chegando lá, queremos ver esses sigilos todos revogados e os crimes de Bolsonaro punidos. #LulaNoJN
— Sâmia é 5️⃣0️⃣0️⃣0️⃣ (@samiabomfim) August 25, 2022
O homem transformou a entrevista em um comício! Tá fazendo discurso já! MONSTRO!
— André Janones 7040✌️ (@AndreJanonesAdv) August 25, 2022
O Brasil assiste agora nosso futuro presidente do Brasil falar em rede nacional. O Brasil assiste a esperança hoje no JN. #LulaNoJN
— Wellington Dias (@wdiaspi) August 25, 2022
É absurda a diferença entre Lula e Bolsonaro respondendo às perguntas. Enquanto Bolsonaro vomitou mentiras e ódio, Lula tem clareza das prioridades do Brasil: crescimento com combate à desigualdade. #LulaNoJN
— Boulos 5010 (@GuilhermeBoulos) August 25, 2022