29 de março de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Jornal Nacional critica Bolsonaro e defende Anvisa em editorial

“Declarações contrastam com aquilo que prevê a Constituição que ele jurou respeitar”

A TV Globo divulgou, na edição desta 5ª feira (6.jan.2022) do Jornal Nacional, um editorial a respeito das declarações do presidente Jair Bolsonaro (PL) sobre a vacinação de crianças no Brasil.

O texto, lido pelos apresentadores William Bonner e Renata Vasconcellos, diz que o presidente “afronta a verdade” e “desrespeita o luto de milhares de brasileiros”, além de “desrespeitar todos os técnicos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária ao questionar qual seria o interesse da agência com a autorização da vacinação de crianças”.

Confira na íntegra:

“As declarações do presidente Jair Bolsonaro sobre as mortes de crianças por Covid afrontam a verdade e desrespeitam o luto de milhares de brasileiros – parentes e amigos das mais de 300 vítimas de 5 a 11 anos.

O presidente também desrespeita todos os técnicos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária ao questionar qual seria o interesse da Anvisa com a autorização da vacinação de crianças. O interesse da Anvisa está expresso na lei que a criou: coordenar o Sistema Nacional de Vigilância Sanitária, em defesa da saúde da população.

O 4º artigo da lei determina que a agência atue como entidade administrativa independente e que as prerrogativas necessárias ao exercício adequado de suas atribuições sejam asseguradas. Não é isso que o presidente tem feito ao ameaçar divulgar nomes de integrantes da Anvisa que aprovaram a vacinação infantil. E, agora, ao questionar a lisura do órgão.

Por fim, as declarações do presidente Jair Bolsonaro contrastam com aquilo que prevê o artigo 196 da Constituição que ele jurou respeitar: a saúde é direito de todos os cidadãos – e dever do Estado.

O governo Bolsonaro retardou a decisão sobre as vacinas para crianças desde o dia 16 de dezembro de 2021 até quarta-feira (5), data limite imposta pelo Supremo Tribunal Federal. Convocou uma consulta pública estapafúrdia, porque remédios não podem ser aprovados pelo público leigo, mas por cientistas.

Em razão dessa demora, as famílias brasileiras têm ainda que aguardar ao menos mais sete dias até a chegada das primeiras doses pediátricas.

Como se não bastasse, nesta quinta-feira (6), ele insistiu em atacar as vacinas. O presidente Jair Bolsonaro é responsável pelo que diz, pelo que faz. Espera-se que venha também a ser responsável por todas as consequências daquilo que faz e diz.”