Kel Ferreti tem liberdade negada e segue preso por estupro

Influenciador está preso desde dezembro de 2024

O influenciador digital Kel Ferreti teve sua liberdade negada pelo Tribunal de Justiça de Alagoas. Kleverton Pinheiro de Oliveira, portanto, seguirá preso diante de sua condenação de 10 anos de reclusão por estupro contra uma mulher dentro do quarto de um hotel.

O desembargador João Luiz Azevedo Lessa, nesta quinta-feira (29), considerou a extrema violência empregada contra a vítima, que teria sido subjugada. O réu está preso desde dezembro de 2024.

A defesa considera a custódia ilegal e imotivada, mas o desembargador relator considerou que a prisão foi justificada por elementos concretos, como a extrema violência do ato praticado contra a vítima e o risco à ordem pública decorrente de outro processo criminal pendente contra Ferreti.

O desembargador acrescentou ainda que os elementos de prova dos autos principais indicam que Kel Ferreti agiu de forma violenta e premeditada, desprezando os sentimentos da mulher e utilizando sua condição econômica e prestígio social para intimidá-la.

Crime

Segundo a denúncia, em junho de 2024, o influenciador agrediu a vítima após relação sexual, em uma pousada no bairro da Cruz das Almas, em Maceió.

A vítima tem sua identidade preservada e aponta que durante o ato sexual ocorreram socos, tapas, estrangulamento e choro. Ela tentou sair desta situação, mas foi impedida.

Ela o conheceu atrás de um grupo de apostas online do “jogo do tigrinho”. Ele oferecia dinheiro para quem entrasse e realizasse o cadastro na plataforma divulgada.

A mulher relata que quando entrou no grupo, Kel a chamou no privado, pediu os dados bancários e deu o dobro do dinheiro prometido. Como ela precisava de auxílio financeiro, ele realizava doações frequentes no valor de R$ 100,00.

Os valores foram aumentando, ele subiu o tom da conversa, pedindo fotos e vídeos dela sem roupa. Ela afirmou que não era garota de programa, mas o material foi enviado.

Durante os diálogos, ele chegou a perguntar se ela gostava de “levar tapas”. Segundo a denunciante, ela chegou a responder que sim, mas “para agradá-lo” e que imaginava que seriam tapas leves.

Eles então marcaram um encontro no dia 16 de junho, em uma pousada, no bairro da Cruz das Almas, onde o suposto autor mostrou ter familiaridade com o local.

Lá, Kel demonstrou não querer conversa e de forma agressiva passou a beijá-la. Em outro momento da relação, ela diz que ele começou a dar socos na costela e no quadril dela, além de ter dado tapas fortes e golpes de mão fechada.

A mulher diz que ficou em choque com a violência do suspeito, que se contorcia de dor e que tentou se afastar dele. Nesse momento, ela chorou compulsivamente, mas ele não parou o ato.

Confira trecho da delação dela no MPAL:

A vítima, então, fez uma compressa com uma toalha, colocando gelo, e a colocou no rosto numa tentativa de diminuir a dor que sentia. Neste momento, o denunciado afirmou que “tinha durado pouco” e que “se tivesse bebido e usado ‘loló’, ele teria ‘durado’ umas 3 horas”, tendo a vítima entendido que, se assim fosse, o denunciado teria batido nela nas condições descritas por estas mesmas 3 horas.

Na sequência, o denunciado foi até o banheiro, e, no retorno, aproximou- se da vítima, pedindo para que esta soltasse a toalha com gelo, pois assim iria molhar a cama. Ato contínuo, passou a morder os seios da vítima com força, ao que a vítima informou que estava doendo, tendo o denunciado afirmado que iria “arrancar os peitos” dela daquela maneira, tendo mordido com ainda mais força. Após, o denunciado pediu para que a vítima ficasse na posição de quatro apoios, tendo penetrado sua vagina e puxado os cabelos da vítima com força, além de desferir tapas e socos nas nádegas da referida

Em seguida, o denunciado deitou a vítima de costas na cama e, segurando suas pernas para o alto, penetrou novamente na vagina da vítima, tendo dado tapas no rosto da referida, ao que a vítima se encolheu, colocando a mão no rosto que já estava bastante machucado e não aguentava mais receber golpes, tendo o denunciado afirmado “mas você gosta de apanhar” e dado mais dois tapas no rosto da vítima, além de ter segurado o pescoço da referida, estrangulando-a. Neste meio tempo, a vítima, que imaginava que iria morrer e tendo a sensação de que iria desmaiar, ficou desesperada, até que o denunciado soltou o pescoço e continuou penetrando até ejacular, novamente, fora da vítima. Durante todo este ínterim, a vítima tentava se desvincilhar do denunciado, porém este segurava suas pernas.

Quando o encontro terminou e ela saiu, ela chorou no banheiro. Envergonhada de contar o que aconteceu aos familiares, relatou para dois amigos que a encorajaram a procurar ajuda na Sala Lilás da Polícia, espaço da polícia civil para acolher mulheres vítimas de violência.

Ela também foi até o Hospital da Mulher, para realizar exames e constatar as agressões. Ela apresentava diversos hematomas no corpo e mandou fotos para o suspeito mostrando como tinha ficado após as cenas de violência, porém ele disse que era policial e que “já tinha batido em muito bandido”.

Em um print divulgado no processo, a vítima chegou a dizer para o Kel que tinha sido machucada, e kel respondeu “vamos marcar de novo amor, dessa vez sexo sem tapas”.

Dois meses, ela relata em uma conversa com uma agente da Delegacia da Mulher desgaste emocional e que tinha visto uma reportagem sobre abuso e só chorava.

O Ministério Público do Estado de Alagoas (MPAL) então ofereceu denúncia contra o influenciador Kel Ferreti por crime de estupro contra a mulher em junho deste ano. Sua defesa ainda não se pronunciou.

 

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