A doença celíaca é uma condição autoimune causada pela intolerância permanente ao glúten, proteína presente no trigo, centeio e cevada. No Brasil, a enfermidade afeta cerca de dois milhões de pessoas, de acordo com a Federação Nacional das Associações de Celíacos do Brasil (Fenacelbra). Para ampliar a conscientização e incentivar o diagnóstico precoce, o mês de maio é marcado pela campanha Maio Verde.
Segundo a Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein, o organismo de quem possui a doença reage ao glúten como se fosse uma ameaça. Isso provoca uma inflamação que danifica o intestino delgado e compromete a absorção de nutrientes. A condição pode surgir em qualquer fase da vida, mas é mais comum entre crianças de seis meses a cinco anos, conforme aponta o Ministério da Saúde.
O diagnóstico é feito com exames laboratoriais e, em casos suspeitos, confirmado por biópsia da segunda porção do duodeno. Os sintomas mais comuns incluem distensão abdominal, diarreia frequente, perda de peso, anemia, cansaço e desnutrição. Em crianças, o problema pode afetar o crescimento e provocar vômitos recorrentes, enquanto em gestantes há maior risco de aborto.
O tratamento consiste na exclusão completa e permanente do glúten da alimentação e também de medicamentos que contenham a substância. Essa adaptação é desafiadora e impacta a rotina do paciente e de toda a família. A Lei Federal nº 10.674/2003 tornou obrigatória a identificação do glúten nos rótulos de alimentos, facilitando a escolha de produtos seguros. No entanto, a convivência com a doença ainda impõe limitações sociais, especialmente fora de casa, onde há risco de contaminação cruzada com utensílios ou superfícies que tiveram contato com trigo.
A alimentação do celíaco exige atenção. De acordo com a nutricionista Juliana Crucinsky, da Fenacelbra, é importante substituir o glúten por farinhas como a de arroz, fubá ou polvilho, sem exagerar em produtos industrializados com alto índice glicêmico. A recomendação é priorizar alimentos naturalmente isentos de glúten, como frutas, legumes, verduras e carnes, além de variar a dieta para prevenir novas sensibilidades alimentares.
A campanha Maio Verde tem como lema “Diagnóstico salva vidas” e promove ações durante todo o mês, com destaque para o Dia Mundial da Conscientização sobre a Doença Celíaca, celebrado em 16 de maio. O objetivo é reforçar que sintomas persistentes não devem ser ignorados, pois o tratamento adequado depende do diagnóstico correto e da adoção de novos hábitos alimentares.
