24 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

“Mal-estar”: Ministro do Meio Ambiente está internado em Brasília

Salles foi admitido na emergência do hospital devido a um “mal-estar”

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, está internado no Hospital das Forças Armadas (HFA), em Brasília, desde a noite dessa terça-feira (27). Segundo boletim médico repassado a jornalistas pela assessoria do ministério, Salles foi admitido na emergência do hospital devido a um “mal-estar”.

Ainda de acordo com as informações médicas, Salles “encontrava-se assintomático” ao dar entrada na unidade. Ainda assim, os médicos optaram por manter o ministro internado “para realização de exames de rotina”. Durante a noite, Salles apresentou melhora e, no momento, seu quadro clínico é considerado estável.

Os compromissos oficiais que o ministro tinha agendados ao longo do dia foram cancelados. A equipe médica do HFA divulgará novo boletim as 16h de hoje. Ricardo Salles tem 44 anos e está à frente das pasta desde o início de janeiro.

Salles

Com o desmatamento e queimadas na Amazônia, que perdeu fundos internacionais, Ricardo Salles se encontra no olho do furacão. Responsável por cuidar do meio ambiente “sem ideologia” e favorecendo pecuaristas e favorável à exploração da Amazônia, o ministro chegou a ser vaiado no Senado enquanto discursava durante sessão solene para homenagear o meio ambiente.

O pedido ridículo e sem precedentes do presidente Jair Bolsonaro, por exemplo foi retirado: a condição do recebimento dos US$ 20 milhões do G7 para a Amazônia, a um pedido de desculpas do presidente francês, Emmanuel Macron, foi retirado pelo Palácio do Planalto na noite de terça (28).

Antes, o Ministério do Meio Ambiente praticamente eliminou o orçamento para implementar políticas sobre mudanças climáticas no Brasil. A pasta realizou um bloqueio de 95% dos R$ 11,8 milhões do program, batendo com a iniciativa do presidente Jair Bolsonaro de retirar o país do Acordo de Paris, que estabelece metas para limitar o aquecimento global.

Bolsonaro havia desistido da saída imediata, mas a política é a mais atingida da pasta, que sofreu um corte total de R$ 187,4 milhões imposto pela equipe econômica. O montante equivale a 22,7% do valor total do orçamento não obrigatório do Ministério do Meio Ambiente, de cerca de R$ 825 milhões.

O ministro Ricardo Salles cancelou há um mês um tour que faria por países europeus com participação em eventos, entrevistas para canais de TV e encontro com autoridades.

Pessoas próximos do governo atribuem o cancelamento à repercussão negativa de uma carta assinada por 602 cientistas europeus e publicada na revista Science no mês passado, em que pediam o condicionamento de negócios europeus com o Brasil a compromissos com a redução do desmatamento e dos conflitos com povos indígenas no país.

Questionado sobre a possibilidade de o Brasil sofrer impactos econômicos, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, respondeu: “nós não vamos ser pautados por artigo de revista nenhuma”.

Criminoso

O ministro de Meio Ambiente foi acusado pelo Ministério Público Federal (MP), de abuso de poder econômico e uso indevido de meios de comunicação nas eleições de 2018. Com isso, ele pode ficar inelegível por oito anos.

Ricardo Salles foi candidato pelo partido Novo, à deputado federal, e não conseguiu se eleger, mas ocupa a primeira suplência para o cargo. Esta nova acusação se soma à ação de improbidade administrativa por suspeita de ocultação de alterações em mapas de zoneamento ambiental do rio Tietê, quando secretário de Meio Ambiente do governo de São Paulo na gestão de Geraldo Alckmin (PSDB).

Nas eleições, ele comprou espaço para 13 anúncios no jornal O Estado de S.Paulo ao custo de R$ 260 mil, entre 30 de maio e 22 de julho deste ano. Segundo o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), a propaganda eleitoral era permitida a partir de 16 de agosto. Portanto, o fez de forma antecipada.

As propagandas foram consideradas “de propaganda institucional da pessoa jurídica ‘Movimento Endireita Brasil’ (que ele fundou e preside), com presença de fotografias, assinatura e nome do futuro ministro em todas elas.

Curiosamente, entre os exemplos de coincidência de suas propostas políticas estão: tolerância zero em relação à criminalidade, privatizações e combate à “velha política”.

E mais preocupante do que o crime eleitoral foi a mensagem forte que ele passava em seus conteúdos de campanha. Numa das peças, Salles dizia que balas de fuzil seriam soluções para javalis, bandidos no campo, MST e a esquerda de forma geral.

O partido Novo, após a repercussão do caso, afirmou que “não compactua com qualquer insinuação ou apologia à violência”. A sigla também disse que fez orientações ao então candidato e que não aprovava a mensagem contida na propaganda.