29 de março de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

Manifestantes fazem protestos contra o Carrefour, após assassinato de João Alberto

Negro vítima dos vigilantes do Carrefour, em Porto Alegre, foi morto por asfixia

Manifestantes saíram as ruas do País contra o crime no Carrefour

Assim como o norte-americano George Floyd, João Alberto Silveira Freitas, 40 anos, pode ter sido morto por asfixia, conforme indicou o primeiro resultado da necropsia realizada pela perícia em Porto Alegre. O homem, negro, foi espancado por seguranças do hipermercado Carrefour, na noite dessa quinta-feira (19).

O assassinato brutal, registrado por câmera de celular, provocou revolta por todo país. Belo Horizonte, Porto Alegre, Brasília e São Paulo registram protesto. Na capital mineira, uma multidão, da qual faz parte o rapper mineiro Djonga, foi para frente de lojas do Carrefour no Centro. ‘Parem de nos matar’, diz mensagem de um cartaz. Um grupo entrou na unidade do Shopping Cidade aos gritos de ‘Carrefour racista!’

Depoimentos

Após colher os primeiros depoimentos, a delegada responsável pelo caso, Roberta Bertoldo, da 2ª Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa, recebeu, na tarde desta sexta-feira (20), os médicos legistas para elucidar as causas da morte de João Alberto. Durante as agressões, a vítima também foi imobilizada pelos vigias, com o joelho de um deles nas costas.

“O maior indicativo da necropsia é de que ele foi morto por asfixia, pois ele ficou no chão enquanto os dois seguranças pressionavam e comprimiam o corpo de João Alberto dificultando a respiração dele. Ele não conseguia mais fazer o movimento para respirar”, informou.

Além dos dois presos envolvidos na morte de João, a delegada adianta que outros envolvidos estão sendo investigados por omissão de socorro. “Duas ou mais pessoas podem ser implicadas por não terem impedido que as agressões continuassem. Foi uma ação completamente desproporcional e atípica para pessoas que exercerem essa atividade”, disse Roberta Bertoldo.

A delegada, porém, disse não ter indícios de se tratar de um caso de racismo. “Até este momento, não deslumbramos nada de cunho racial. Não temos nenhum indicativo por essa motivação”, disse.

A informação preliminar de que João Alberto teria sofrido um ataque cardíaco enquanto era agredido pelos vigilantes não pôde ser constatada pela perícia. Dois seguranças terceirizados do Carrefour, Giovane Gaspar da Silva, policial militar temporário, e Magno Braz Borges foram levados para prisão. Os dois serão indiciados por homicídio triplamente qualificado – por motivo fútil, asfixia e recurso que impossibilitou a defesa da vítima.

No caso de George Floyd, que algumas pessoas relembraram ao saber da violência da ocorrência em Porto Alegre, uma autópsia independente encomendada pela família da vítima determinou que a causa de sua morte foi “asfixia por pressão constante”.