29 de setembro de 2024Informação, independência e credibilidade
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Marcelino Freitas Neto encerra trajetória nos ensinando bravura e resistência

O primeiro contato que lembro ter tido com Marcelino Freitas Neto foi em 1999. Estudante no último ano do curso de Jornalismo da Ufal, ganhei o Prêmio Freitas Neto (se não estou enganado, fui o primeiro vencedor após a categoria “estudante” do então Prêmio BB de Jornalismo, hoje Braskem, ter sido assim nomeada) e recebi o troféu, que guardo até hoje, das mãos dele e da irmã. Lembro, como se fosse ontem, daquela bela cerimônia no Teatro Deodoro.

Ela, parece-me que seguiu outra carreira. Ele, a vocação de jornalista, o que nos permitiu alguns encontros e contatos durante as pautas da vida. A lembrança que tenho de Marcelino é de uma pessoa forte e idealista, sempre empolgado ao levantar suas bandeiras políticas e sociais.

Era isso que eu sentia quando, por exemplo, ia cobrir, como repórter, movimentos de trabalhadores nos quais ele estava presente. E também nas postagens das redes sociais, nas quais somos amigos, que cessaram em dezembro do ano passado, quando a doença começou a dar os primeiros sinais.

Doe-me ver fotos do “companheiro” Marcelino abatido pela maldita Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), em uma cadeira de rodas, em plenas prévias carnavalescas de 2017, no bairro de Jaraguá.

Ele contribuiu para manter vivos os ideais do pai, Freitas Neto, jornalista, radialista e advogado que morreu em 1997, durante acidente aéreo com avião da empresa Cubana de Aviación, no mar do Caribe. A esposa dele, Maria das Graças de Carvalho Freitas, estava junto.

Uma dor inimaginável perder o pai e a mãe desta forma trágica. Um sentimento que Marcelino transformou em força. E uma perda para a sociedade. Freitas, o pai, foi um destacado batalhador contra a censura e em favor da anistia ampla e irrestrita a presos e perseguidos políticos.

Neste 1° de janeiro de 2019, Marcelino encerra sua trajetória. Aos familiares e amigos fica o consolo espiritual.

E, talvez, o fato dele ter saído de cena neste dia obscuro da História do Brasil, aos breves 40 anos, seja uma prova de sua bravura e resistência.

Marcelino Freitas Neto não teve o desgosto de ver os inimigos (aqueles que têm as piscinas cheias de ratos) voltarem ao poder.

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