O ex-ministro da Educação Milton Ribeiro confirmou em depoimento à PF (Polícia Federal) que o presidente Jair Bolsonaro (PL) lhe pediu para receber um dos pastores acusados de negociar verbas do MEC (Ministério da Educação) para prefeitos em suposta prática de lobby.
No entanto, o ex-ministro do MEC negou que tenha tido pedido de “tratamento privilegiado” e negou a existência de um “gabinete paralelo” na pasta.
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“O presidente Jair Bolsonaro realmente pediu para que o pastor Gilmar fosse recebido, porém isso não quer dizer que o mesmo gozasse de tratamento diferenciado ou privilegiado na gestão do FNDE ou MEC, esclarecendo que como ministro recebeu inúmeras autoridades, pois ocupava cargo político”. Milton Ribeiro em depoimento à PF.
Ribeiro teria explicado que, após a primeira reunião com os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura no MEC, Bolsonaro sequer teria questionado sobre o teor da conversa: “o presidente da República jamais indagou o declarante a respeito da visita do pastor Gilmar”.
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O inquérito para investigar o ministro foi aberto pela PF, a partir de uma determinação do STF (Supremo Tribunal Federal), que atendeu a um pedido da PGR (Procuradoria-Geral da República).
O prazo para conclusão das primeiras diligências é de 30 dias. As suspeitas são de crimes de corrupção passiva, advocacia administrativa e tráfico de influência.
Senado
Diante do não comparecimento do ex-ministro Milton Ribeiro em audiência pública prevista para esta quinta-feira (31), a Comissão de Educação (CE) debateu a criação de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) que apure as denúncias de tráfico de influência no Ministério da Educação (MEC).
Também foram aprovados requerimentos para ouvir o ministro interino, Victor Godoy Veiga, e prefeitos de municípios que teriam recebido propostas de participação em um esquema de corrupção na pasta.
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O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), um dos autores do requerimento para que Ribeiro prestasse informações, afirmou que a ausência “equivale a uma assimilação de culpa”, caso o ex-ministro não traga explicação para o que qualificou de “desavergonhado tráfico de influência, o mais explícito da história desta República”:
“Este Senado não pode e não será desmoralizado. Não restará, diante deste gravíssimo desrespeito, senão a instalação de uma CPI”.