29 de março de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Ministro da Saúde volta à CPI hoje para novo depoimento

Senadores querem saber de Queiroga sobre o gabinete paralelo do Ministério

Queiroga, da Saúde, presta novo depoimento nesta terça-feira

A CPI da Covid ouve nesta terça-feira, 8, pela segunda vez, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. Apesar de o gestor avaliar que não há informações novas a serem prestadas, o depoimento promete trazer mais elementos sobre o gabinete paralelo — grupo que prestaria assessoria ao presidente Jair Bolsonaro no enfrentamento à pandemia.

Os senadores devem votar, também, quebra de sigilos e convocações para aprofundar as investigações sobre o assunto.

Apesar de a confirmação do Brasil como sede da Copa América ter sido o estopim para antecipar o novo depoimento de Queiroga, o tema não deve ser foco da nova oitava, mas corrobora a tese de que falta autonomia para o ministro gerir a própria pasta.

“Esse episódio, em que ele se calou como ministro da Saúde e preferiu ser ministro do silêncio, demonstrou, de uma outra forma, que a autonomia realmente não existe”, afirmou o relator, Renan Calheiros (MDB-AL).

O presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), apontou outros indícios da falta de comando de Queiroga no ministério: o titular da pasta não pôde nomear a médica infectologista Luana de Araújo para chefiar a Secretaria Extraordinária de Enfrentamento à Covid-19. O nome dela foi vetado pelo Palácio do Planalto. “Ele (Queiroga) não consegue nomear a doutora Luana, que é uma infectologista, mas mantém a doutora Mayra, que tem pensamento contrário ao dele”, lembrou Aziz, em entrevista exclusiva ao Correio, referindo-se à secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, conhecida como Capitã Cloroquina.

Aziz enfatizou, ainda, que há novos questionamentos a serem sanados por Queiroga, sobretudo em relação à recomendação do uso de cloroquina em pacientes com covid-19, apesar de o medicamento não ter eficácia comprovada contra a doença.

Na primeira oitava, o ministro alegou não poder se posicionar porque o assunto estava sendo deliberado pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec). “A gente quer saber do ministro Queiroga por que, até hoje, a Conitec não se posicionou em relação à cloroquina. Se ele não tem autonomia, alguém está mandando a Conitec não se posicionar. Temos de saber o porquê”, disse Aziz