20 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Moderninho no Twitter, Collor votou para que jovens perdessem férias, 13º e FGTS

Senador, que brinca nas redes sociais para atrair votos dos jovens, foi derrotado tal qual Flávio Bolsonaro, Heinze, Marcos Rogério e outros governistas

Para lamentação do presidente da Câmara, o alagoano Arthur Lira (PP-AL), o Senado Federal em sua maioria votou contra a reforma trabalhista no Senado. Originalmente, o MP 1045 tinha como proposta reduzir jornadas e salários em meio à pandemia a fim de proteger empresas e empregos

Só que repleto de emendas, o projeto, aprovado dia 12 pelos deputados, legislava a criação de novos regimes de contratação para jovens e vagas sem direito a férias, 13º salário e FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço).

Por 47 a 27, a maioria dos Senadores votaram contra a proposta do Senado que, em suma, precarizavam relações de trabalho, limavam proteções, reduziam a renda dos trabalhadores, criavam categorias de empregados de “segunda classe” e pioravam as condições de serviço dos mais jovens.

Além disso, emendas no texto alteravam leis cortando horas extras, dificultando o acesso à Justiça gratuita e até atrapalhando a fiscalização de trabalho escravo.

Senador Fernando Collor, presidente Jair Bolsonaro e a primeira dama Michele Bolsonaro durante cerimônia de Posse do senhor Gilson Machado, Ministro de Estado do Turismo

E o ex-presidente da República, o senador Fenando Collor (PROS-AL, votou a favor desta aberração.

Collor que caiu de cabeça no mundo do Twitter. Ativo na rede social, está engajado com as últimas notícias, vira meme após citar Dilma sobre “quem vai ganhar” com a situação de Bolsonaro e resolveu até pedir desculpas 30 anos depois de seu desastroso e letal plano econômico, que levou milhões à falência.

Ainda assim, não deixa de fazer piadas babacas com seu plano econômico. Após sofrer um bloqueio temporário no Twitter no meio do ano passado, seu pefil brincou ao dizer que se sentia aliviado, pois não havia sofrido um “confisco”. Claro, a reação nas redes foi negativa.

Esta é apenas uma situação besta, do perfil do presidente que pergunta aos seguidores qual anime deveria assistir, para tentar iludir eleitores jovens de que ele, Fernando Collor, iria parar para ver Evangelion ou Cowboy Bebop. Tudo uma besteira para se mostrar moderninho, jovial e simpático para os novos eleitores, que não têm como se lembrar da sua desastrosa passagem na presidência.

Há ainda os casos de corrupção. Recentes. Segundo relatório de investigadores da Polícia Federal, o ex-presidente desviou para as suas empresas recursos de patrocínios obtidos da Petrobras e da Caixa.

A PF apura contratos assinados de R$ 2,55 milhões entre o Instituto Arnon de Mello de Liberdade Econômica, que leva o nome do pai do congressista, e as estatais com inexigibilidade de licitação para desenvolver projetos culturais.

A Organização Arnon de Mello, grupo de comunicação da família Collor de Mello, confirmou uma uma dívida trabalhista, com fornecedores e bancos de pelo menos R$ 217 milhões. Os valores foram apresentados ao administrador judicial. O grupo pediu recuperação judicial, aprovada em setembro de 2019, ao impedir leilão de suas propriedades.

Deste total milionário que a família do senador Fernando Collor (Pros-AL) deve, R$ 191 milhões são débitos de fornecedores sem garantia, R$ 24,5 milhões são débitos trabalhistas e R$ 1,4 milhão débitos com pequenas empresas.

Segundo a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, a OAM tem R$ 300 milhões em débitos previdenciários e não previdenciários inscritos em dívida ativa, mas essa dívida não entra na recuperação judicial. Além disso, há valores devidos e não informados que ainda estão em negociação.

Leia mais aqui: Crescem as dívidas das empresas de Collor, que tenta salvar grupo da falência

Portanto, a OAM, maior grupo de comunicação de Alagoas deve mais de meio bilhão de reais a trabalhadores, empresas e governos. Ele pode até ficar fazendo piada no Twitter, mas quase não responde pelos atrasados de seus funcionários.

Não é a toa que ele tenha se aproximado tanto do presidente Jair Bolsonaro. Precisam de ajuda com suas questões financeiras e legais, o senador vive trocando elogios com o atual presidente. Esperando por uma boquinha, de preferência como ministro. Do Meio Ambiente ou Relações Exteriores, melhor ainda.

Leia mais: Collor diz ser contra CPI da Pandemia e afirma ser “aliado diferenciado” de Bolsonaro

Não é a toa, Collor e Bolsonaro andam de mãos dadas. Os dois tiveram problema semelhantes em seu governo e lidaram da pior maneira possível. O hoje senador, por exemplo, conseguia ter índices de rejeição piores do que Jair.

Mas hoje estão de mãos dadas. E no senado, o ex-presidente vota a favor de todos os projetos do atual presidente, se mostrando um fiel governista. E nem é preciso ter muita noção da coisa: só o fato dele acompanhar o voto de nomes como Flávio Bolsonaro, Heinze ou Marcos Rogério mostra o quão errado ele está em suas preferências.

Pior pra gente, que tem que aturar um senador deve mais de R$ 300 milhões aos cofres da União e virou amigo de infância do atual presidente. Isso tudo porque sofreu impeachment após um desastre e de governo e ainda conseguiu voltar com a força das urnas.

E ainda é político influente

Quando presidente, ele foi responsável pelo Plano Collor, que destruiu milhares de vidas assim que foi implantando após sua posse, em março de 1990. Entre as medidas, estava o confisco do dinheiro dos cidadãos, em uma tentativa errônea de tentar controlar a inflação.

Foi no dia 16 de março de 1990, um dia depois da posse do presidente Fernando Collor de Mello, quando, no auditório do Ministério da Fazenda, em Brasília, ela e dezenas de repórteres participaram de uma coletiva com a equipe econômica do novo governo, o primeiro eleito pelo voto direto depois de quase 30 anos.

“Não temos mais alternativas. O Brasil não aceita mais derrotas. Agora, é vencer ou vencer. Que Deus nos ajude”. Fernando Collor de Mello, em rede nacional, então presidente da República.

O novo pacote econômico, batizado de Brasil Novo e popularizado como Plano Collor, incluía, entre outras medidas de estabilização:

  • a troca da moeda (de cruzado novo para cruzeiro, sem corte de zeros);
  • a criação de um imposto sobre operações financeiras;
  • o congelamento de preços e salários por 45 dias;
  • o aumento das tarifas de serviços públicos (gás, luz e telefone, entre outros);
  • a extinção de 24 empresas estatais;
  • demissão de 81 mil funcionários públicos.

Nenhuma das 27 medidas anunciadas naquele dia, porém, surpreendeu tanto quanto o bloqueio das cadernetas de poupança.

Cerca de 80% do dinheiro aplicado, não só em cadernetas de poupança e em contas correntes, mas, também, em aplicações financeiras, como o famoso “overnight”, ficou retido no Banco Central por 18 meses. Estima-se que o governo tenha confiscado o equivalente a cerca de US$ 100 bilhões, o equivalente a 30% do Produto Interno Bruto (PIB).

Do dia 19 de março em diante, correntistas e poupadores, pessoas físicas e jurídicas, só conseguiram sacar 50 mil cruzados novos, cerca de R$ 8,3 mil em valores atuais.

Boa parte da população preferiu gastar o que sobrou no supermercado ou guardá-lo em casa. Em muitas agências, faltou dinheiro para tanta retirada. Por essa razão, muitos gerentes chegaram a ser presos por não terem dinheiro suficiente em caixa para pagar os saques de seus clientes.

Pior: havia gente com muitos investimentos, vendido recentemente carros ou casas. Ou tinham todo o seu dinheiro nestas contas. Mas foram bloqueadas e impossibilitadas de serem usadas.

Sem dinheiro, os consumidores mudaram seus hábitos e as lojas ficaram completamente vazias. O que não foi confiscado pelo governo era usado para fazer supermercado, pagar contas e comprar remédios.

Para não fechar as portas, donos de bares e restaurantes passaram a aceitar cheques e a vender fiado. De Norte a Sul, negócios foram desfeitos, viagens canceladas, casamentos adiados. O prejuízo, dizem os especialistas, foi incalculável. E, na maioria dos casos, irreversível.

Muitos infartaram. Alguns mais desesperados cometeram suicídio. Por sorte, três décadas depois, Fernando Collor pediu desculpas. O controle da inflação só veio em 1994, com o Plano Real. As perdas dos poupadores com o Plano Collor até hoje são discutidas na Justiça.

One Comment

  • Avatar Maria da Conceição Castro Cordeiro

    Está desgraça chamada Fernando Collor destruiu a vida de muitas pessoas. E igual a Bolsonaro, se merecem, serão o lixo da história.

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