20 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Policia

Motorista agredido por ambulantes morre e OAB alerta para o perigo da “justiça das ruas”

Ele teria acelerado seu veículo em direção a pedestres enquanto discutia com um dos ambulantes antes de ser linchado

Bem Donson dos Santos Santana, motorista por aplicativo de 33 anos, não resistiu aos ferimentos que sofreu e morreu nesta quinta-feira (07). Ele deixa dois filhos.

Sua morte, no Hospital Geral do Estado (HGE), aconteceu três dias depois de ser agredido por ambulantes em trecho da Rua das Árvores, no centro de Maceió.

Ele teria acelerado seu veículo em direção a pedestres enquanto discutia com um dos ambulantes, que ocupava a via para comercializar frutas e verduras. Foi o suficiente para um grupo de pessoas cercar o automóvel e o retirar a força. Ele foi agredindo pela turba e sofreu um grave ferimento na região da cabeça.

Resgatado pelo Corpo de Bombeiros, ele chegou a receber alta ainda na segunda-feira e até prestou esclarecimentos na Central de Flagrantes, no bairro do Farol.

Pouco depois, sua irmã informou que ele sofreu uma convulsão e precisou novamente de atendimento médico, sendo levado ao hospital no mesmo dia. O HGE vai apurar denúncia de suposta negligência, já que o paciente deixou o hospital sem sequer ser submetido a exames de imagem.

OAB

O linchamento fez a OAB reacender a discussão sobre o justiçamento, quando a população resolve punir com a morte ou linchamento. E segundo Roberto Moura, que integra a Comissão de Direitos Humanos da OAB-AL, este episódio expõe o perigo do justiçamento, “em razão do caráter irrazoável de quem o pratica”.

“Olinchamento é resultado de uma histeria coletiva, de um espírito de vingança pública em que não há qualquer impedimento à prática delituosa. A reação quase sempre é desproporcional, com o ‘justiceiro’ agindo de forma mais gravosa. correto seria apenas conter o motorista que supostamente avançou contra os pedestres e, logo após, acionar a polícia para as providências cabíveis. Do contrário, teremos um Estado anárquico”. Roberto Moura.