22 de março de 2025Informação, independência e credibilidade
Justiça

MPAL atua na transição de indígenas Warao para novo abrigo em Maceió

Migrantes indígenas Warao estavam na Casa de Ranquines e, agora, estão em um novo abrigo sob gestão municipal.

Barco doado pela Prefeitura vai beneficiar nove famílias venezuelanas. Foto: Itawi Albuquerque/Secom Maceió

O Ministério Público do Estado de Alagoas (MPAL) participou, na última sexta-feira (7), de uma reunião promovida pelo Ministério Público Federal (MPF), junto à Defensoria Pública da União (DPU) e diversos representantes do Município de Maceió, do Consultório na Rua e da Superintendência dos Povos Indígenas da Secretaria de Estado da Mulher e dos Direitos Humanos.

O encontro teve como objetivo buscar soluções para a transição dos migrantes indígenas Warao que estavam na Casa de Ranquines e, agora, estão em um novo abrigo sob gestão municipal.

Durante a reunião, a promotora de Justiça dos Direitos Humanos, Alexandra Beurlen, enfatizou a necessidade de garantir segurança e organização no novo espaço.

Alexandra Beurlen também destacou a importância da participação ativa das lideranças Warao na resolução de conflitos, assegurando o respeito às tradições da comunidade, sem deixar de observar a legislação brasileira. “Garantir os direitos humanos básicos aos migrantes é essencial, e, nesse processo de adaptação, é fundamental reforçar a compreensão sobre o respeito às pessoas a quem o Estado Brasileiro concede prioridade constitucional. Essa tem sido uma atuação permanente do MPAL”, afirmou.

Além das questões de segurança, o MPAL reforçou a necessidade de um planejamento adequado para garantir a qualidade da alimentação e a continuidade dos benefícios sociais. Foi discutida a criação de um grupo técnico para compartilhar protocolos e registros da Casa de Ranquines, evitando a duplicação de esforços e assegurando a adaptação das políticas públicas à realidade dos migrantes.

A Casa de Ranquines ficou responsável por digitalizar e repassar as adaptações feitas para atender às necessidades alimentares e nutricionais dos Warao, incluindo a elaboração de um cardápio especial voltado ao combate da subnutrição infantil.

Os participantes estabeleceram prazos para a efetivação das medidas, como a formação do grupo técnico de transição em até 10 dias, a finalização das melhorias estruturais do novo abrigo em até 50 dias e a realização de reuniões semanais com as lideranças indígenas para fortalecer o planejamento comunitário. O MPF também se comprometeu a agendar, ainda este mês, um encontro específico com os representantes Warao para tratar de demandas prioritárias.

Atuação MPAL

A intervenção do Ministério Público do Estado de Alagoas (MPAL) em relação aos migrantes indígenas venezuelanos Warao tem sido, além de conjunta com o MPF, focada na garantia do direito à assistência social, atribuição da 61ª Promotoria de Justiça, na proteção das crianças e adolescentes migrantes, realizada pelas 13ª, 44ª, 59ª e 60ª Promotorias de Justiça, e na garantia dos direitos das pessoas idosas, sob responsabilidade da 25ª Promotoria de Justiça.

O MPAL segue acompanhando de perto a implementação das medidas, garantindo que os direitos dos migrantes indígenas sejam respeitados e que a transição ocorra de maneira harmoniosa, preservando a dignidade e a autonomia da comunidade Warao.

“Importante, nessa fase, é lutar por políticas públicas que assegurem autonomia a esse grupo, diante de suas inúmeras habilidades profissionais, para que não precisem mais de acolhimento institucional”, concluiu a promotora de Justiça Alexandra Beurlen.