Não foi por falta de aviso que a Cinemateca Brasileira, em São Paulo, incendiou. Os alertas foram muitos mas o governo Jair Bolsonaro não deu a mínima para o caso.
Os alertas foram feitos pelo Ministério Público Federal, em diversas oportunidades e desde julho de 2020, sobre o risco de incêndio na Cinemateca e o fato se consumou nesta quinta-feira, 29.
Em 15 de julho do ano passado, o MPF ajuizou ação civil contra a União devido aos impasses em torno da gestão da instituição. “Tal urgência é por demais agravada diante da comprovada aceleração da degradação do acervo e do perigo real de incêndio (seria o quinto incêndio na história da Cinemateca, ou seja, um evento bastante previsível)”, afirmava o documento.
Em audiência de conciliação realizada neste mês entre o MPF e representantes da Secretaria Especial da Cultura, o alerta foi novamente reforçado. “Pelo MPF, houve comentários sobre a visita realizada e sobre o fato de terem sido bem recebidos. Destacou, entretanto, o fato de risco de incêndio, principalmente em relação aos filmes de nitrato”, diz o termo da audiência.
“O processo judicial permanece até mesmo pela necessidade de preservação de material que ainda resta”, segue o procurador. Soares diz ainda que o MPF irá estudar melhor o incidente para avaliar os próximos passos a serem tomados.
Principal instituição de preservação do audiovisual brasileiro, a Cinemateca está no meio de um imbróglio envolvendo o governo federal que se arrasta há anos e que se agravou nos últimos meses.