Até bem pouco tempo, as comissões de ética da Câmara e do Senado Federal existiam e, bem ou mal, atuavam.
Desde um palavrão dito por um parlamentar contra um colega até a prática de crimes de menor ou maior grau passavam por elas. Às vezes não dava em nada por que o espírito de corpo sempre esteve presente nas sessões de julgamentos.
Agora, no entanto, parece que o Brasil vive uma nova onda, onde os parlamentares surfam intocáveis, sem arrebentação.
Deputada mata o marido, deputado xinga a mãe do colega, outro usa as redes sociais para chamar a ex-amiga parlamentar de vagabunda, até ameaças de estupro em plenário se transformaram em enredos da nova política nacional.
E não para o roteiro interminável de acintes, achincalhes, crimes e aberrações de toda ordem que expõem o parlamento como terra de ninguém.
Se antes a liturgia do cargo, a conduta, a postura republicana e, sim, a ética eram necessárias, hoje os tempos mudaram.
Os agentes políticos de agora pouco se importam se o colega senador enfia nas nádegas um maço de cédulas para fugir da fiscalização da polícia. São os novos tipos de cofres.
Para uma Nação que a bem pouco tempo saiu às ruas dizendo que iria construir um novo Brasil, que todos iriam viver no País do “bem contra o mal”, tem-se aí uma furada e tanto. Ou melhor, a verdadeira exposição dos conceitos da estupidez elevada.
É como se quase todos estivessem mergulhando na planície da mediocridade.
Pior é que a mediocridade não tem cura.
É um mal eterno.