19 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
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O ódio que matou morador de rua e enterrou na praia, agora mata jovem grávida e joga no lixo

E daí se o ódio tem se materializado em uma terra que hoje desconhece valores humanos?

O ódio leva a barbárie e mata, normalmente, os “pés descalços”

A doença que tomou conta da sociedade nos últimos tempos está se agravando de forma trágica.

Se ninguém se choca mais com 220 mil mortos por Covid neste País, também não está ligando para a matança cruel nas ruas.

Matam crianças nas favelas do Rio de Janeiro, matam morador de rua na praia de Maceió, matam negros na periferia.

A situação é tão infame que uma jovem de 20 anos, grávida, foi espancada até a morte no bairro Cidade Universitária, parte alta de Maceió, e o corpo em seguida é jogado dentro de um contêiner de um veículo transportador de cargas.

É o ódio se materializando em uma terra, que jogou no lixo, literalmente, valores humanos. É a instituição da barbárie. E dessa ninguém está livre.

Agora foi Lucy Mary Cardoso Pontes. Ela e o filho em gestação perderam as vidas graças a essa nova concepção de sociedade livre para matar.

Tem mais: Na semana que passou foi um morador de rua. Ele foi morto por enforcamento em plena praia da Jatiúca em Maceio, no Posto 7, a 100 metros de um Posto Policial. O corpo foi enterrado lá mesmo.

Mas, quem é o morador de rua?

Não era nenhum parente dos “homens de bem” da atualidade e, neste caso, é mais um nas estatísticas da violência. Um corpo sem história não é visto pela sociedade.

E eles estão aí aos montes, homens, mulheres e crianças, violentados, excluídos, comendo ratos, banhando-se no esgoto, mendigando pela vida que já não se vive, sem esperança.

A tendência é que casos dessa natureza venham a ser rotina, diante do crescente números de moradores de rua aqui e pelo País.

O certo é que em meio a essa cruzada de valentões cheios de  ódio não faltará gente para dizer:

-E daí? Que morram; todo mundo morre. 

Pois é. Grávidas como Lucy Mary e homens como o morador de rua não comovem ninguém por que sequer são reconhecidos.

Reconhecimento no mundo atual só com a exposição da idiotice ou da mente torpe.

Lamentavelmente, situações como essas não acontecem sem a cumplicidade institucional. O sistema opera para quem tem poder. Depois disso, esqueça qualquer ato de justiça.

Alias, como disse Eduardo Galeano, “a justiça é como uma serpente, só morde os pés descalços”.