9 de dezembro de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

Ódio de Malafaia evidencia lado podre de envangélicos/conservadores na “defesa da família”

Pastor mandou um “chupa” para “esquerdopatas e ativistas gays” após resultado das urnas em eleição de conselheiros tutelares

O bolsonarista e (aparentemente) pastor Silas Malafaia celebrou de forma chula o resultado das eleições para o Conselho Tutelar. O porta voz de milhões de evangélicos de todo Brasil fez questão de mandar um “chupa” para rivais políticos (“ativistas gays”) ao afirmar que os evangélicos ganharam as eleições de “lavada”.

Como é possível dar a entender, cargos de conselheiros serão ocupados por pessoas vinculadas a igrejas evangélicas e à extrema-direita, com os conservadores mantendo hegemonia nos órgãos, com intensa colaboração dos políticos bolsonaristas.

Este será o tipo de gente que será responsável pela defesa dos direitos humanos e da cidadania de crianças e adolescentes do país, seguindo as orientações do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

Usam a religião para impor medidas arcaicas e medievais, além de se esconderam por trás da Bíblia para ocultar seus crimes. Mas muitas vezes são pegos, como o candidato evangélico Rubens Murilo Miranda Júnior, um dos fundadores da Igreja Apostólica Revelação dos Últimos Tempos de Sergipe e que foi preso acusado de estuprar a filha da sua namorada.

Não é sobre banheiro, estúpido

Conservadores do Brasil se unirem, recentemente, com uso de mentiras e desvio de foco, em ataques para a proibição de pessoas trans em banheiros que não são unissex. Na mente perturbada do discurso deles, isso facilitaria o estupro de crianças, pois bastaria um homem colocar uma peruca para abusar de uma menina em um banheiro público.

O pensamento vez de gente como Damares Alves, ex-ministra da Família no governo Bolsonaro e hoje senadora, que mentiu ao afirmar que crianças na Ilha de Majaró tinham os dentes arrancados para que abusadores fizessem sexo oral ou que elas tinham uma alimentação especial para facilitar o sexo anal.

É uma perversão o tanto que eles fantasiam sobre sexo com crianças.

O pior é que a “boa intenção” para salvar crianças é fruto de uma máquina política de mentiras que serve apenas para jogar o rebanho evangélico contra pessoas de outra religião. E o gado da extrema-direita contra inimigos (e não rivais) políticos.

Não é condenado aplicar ações que evitem abuso de crianças nos banheiros públicos, mas tal qual a ideia de controle de natalidade desta gente (com noções batidas como “voto de abstinência” ou simplesmente eliminar qualquer noção de educação sexual), eles estão completamente errados sobre o principal problema das crianças vítimas de abuso: não são desconhecidos, mas sim pessoas do dia a dia.

O , de acordo com o Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2023, o Brasil registrou 74.930 estupros, o maior número da história. Não já fosse um número alarmante, ainda há o fato de que 61,4% das vítimas tinham no máximo 13 anos de idade.

Onde aconteceram esses estupros? Quase 70% deles na residência da própria vítima. Mais alarmante ainda é que quando a vítima tem entre 0 e 13 anos, mais de 86% são conhecidos. Quase 65% são de familiares. Com maiores de 14, os dados também apresentam a maioria de conhecidos: mais de 77%.

Evangélicos, eleitores e políticos de direita: o perigo às crianças não está no banheiro público. Está no banheiro da casa delas. Por parte dos avós, de pais, tios, enteados ou vizinhos, de gente doente de verdade, que muitas vezes usa a palavra da Bíblia para esconder suas motivações.

Chame de preconceito, que seja, mas com um líder religioso que vomita ódio, pouco fala de Deus e celebra “sua gente” à frente da defesa de crianças em situações de risco, teremos muito “vá para Igreja” ou mesmo “foi culpa sua por vestir essa roupa”, além de culpar pessoas trans que iriam aproveitar o direito de usar banheiro para estuprar crianças.

Deus que me perdoe e que proteja ainda as meninas que viriam engravidar após serem abusadas por um familiar e ainda terem que passar pelo fardo de terem negada a interrupção da gravidez.

Malafaia pediu um “chupa” contra seus opositores. Nestas horas, um Ricardo Boechat faz é muita falta.