16 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Mundo

ONU: Nível do mar sobe 2,5 vezes mais rapidamente do que no século 20

Frequência de ciclones tropicais das categorias 4 e 5 também deve aumentar

O relatório dos especialistas do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) da ONU sobre o estado de saúde dos oceanos e das zonas glaciais foi adotado na terça-feira (24), após uma noite de debates contidos pelas objeções sauditas. O conteúdo do relatório foi divulgado nesta quarta-feira (25).

Segundo o texto, muitas cidades litorâneas e pequenas ilhas devem sofrer até 2050 fenômenos meteorológicos extremos anualmente, mesmo que o mundo reduza suas emissões de gases-estufa, porque o nível do mar está subindo 2,5 vezes mais rapidamente do que no século 20, diz o texto.

Milhões de pessoas vivem em áreas costeiras pouco elevadas, particularmente vulneráveis aos impactos das mudanças climáticas. Alguns países correm o risco de se tornarem inabitáveis. Além disso, segundo o texto, a frequência de ciclones tropicais das categorias 4 e 5 deve aumentar.

Litorânea, Maceió é uma das cidades que mais pode sofrer com a elevação do nível do mar

O nível do mar, por exemplo, deve aumentar em até um metro nos próximos 80 anos, caso nada seja feito, alerta o IPCC. De acordo com esses especialistas, há uma tendência de elevação do nível do mar que não era observada em séculos passados. Atualmente, diz o relatório, há variação nos níveis em uma taxa anual.

Destaques do relatório do IPCC:

  • Até o ano 2100, se nada for feito, o aumento do nível do mar pode alcançar até um metro de altura; isso pode acarretar a retirada de milhões de moradores de áreas costeiras e ilhas.
  • Com o aquecimento da água, oceanos se tornarão mais ácidos, alterando a vida marinha; ainda que se limite o aquecimento a 1,5°C, os recifes de coral já estão quase todos condenados.
  • O degelo do permafrost vai liberar mais de 1,5 mil gigatoneladas de gases de efeito estufa – isso é quase o dobro do carbono que atualmente está na atmosfera.
  • Até o final deste século, a frequência de ondas de calor marinhas pode aumentar em 50 vezes, chegando a uma variação de 3℃ ou 4℃.

O informe era bastante esperado como mais uma prova da urgência de se lutar contra o aquecimento global, no momento em que líderes mundiais são acusados de inação por cidadãos e jovens do mundo todo, cada vez mais mobilizados pela temática ambiental.

Este relatório especial sobre os oceanos e a criosfera (calotas glaciares, gelo, geleiras, permafrost) encerra uma sequência climática marcada por manifestações de milhões de jovens no fim de semana passado e uma cúpula na ONU, na segunda-feira, onde as palavras da militante sueca Greta Thunberg na tribuna não provocaram o impulso desejado pelos defensores do clima.