Mais de 400 padres da Igreja Católica assinaram um manifesto, nesta sexta-feira, 15, condenando a “profanação” do presidente Jair Bolsonaro ao Santuário de Nossa Senhora Aparecida, no dia, 12 de outubro, data comemorativa a padroeira do Brasil.
O manifesto contra Bolsonaro é referendado pelos núcleos “Padres da Caminhada” e “Padres contra o Fascismo”. O o documento foi encaminhado ao reitor do Santuário de Aparecida e ao arcebispo Dom Orlando Brandes, que fez uma pregação cheia de indiretas a Bolsonaro, afirmando, por exemplo, que para “ser pátria amada não pode ser pátria armada”.
No texto, os clérigos classificam como um “escândalo” a leitura do livro de Ester pelo presidente: “O que ele menos demonstra querer é o bem de seu povo (Est 7,3)”, escrevem. “Rezou em nome desse povo a consagração a Nossa Senhora Aparecida. Dizíamos um escândalo, mas, por tudo o que aconteceu, é melhor usar a palavra ‘profanação’”, continuam.
“Sim, o Sr. Jair Bolsonaro profana a fé no Deus da vida fazendo uso dela para meros fins politiqueiros e vilipendia o Evangelho de Jesus de Nazaré que veio para que todos “tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10,10). E não pela primeira vez, basta relembrar sua ida a uma missa em Brasília durante a qual recebeu a Eucaristia”, afirmam ainda os religiosos.
Eles questionam, também, como Bolsonaro pode se dizer católico, sendo que foi batizado nas águas do Rio Jordão, em Israel, em 2016, pelo presidente do PSC, Pastor Everaldo (que depois viria a ser preso por corrupção). Além disso, perguntam como ele pode “bradar pelos princípios cristãos da ‘família tradicional’, uma vez que em sua vida pessoal não dá provas de que acredita verdadeiramente neles, como quando ainda era parlamentar e mantinha uma residência oficial na capital federal ‘para comer gente’?”
Os religiosos também criticam a consagração feita por ele do povo brasileiro à Mãe Aparecida, já que, por diversas vezes, Bolsonaro manifestou inúmero descaso pela população, “especialmente pelos povos originários, pelos afrodescendentes, pelas mulheres, pelas e pelos LGBTQIA+.”
“Jair Bolsonaro, que gosta tanto de ostentar seu segundo nome, não tem nada de católico, nem de cristão, nem sequer de humano. É um facínora! Ele usa e abusa da fé como palanque político; tenta reverter suas seguidas derrotas políticas apelando à religião. Não, Jair Bolsonaro não é religioso. Ele perverte o ensinamento evangélico porque quer dar a Deus o que é do perverso César (Mt 22,21). Jair Bolsonaro não é de Deus!”, escrevem.
Os clérigos finalizam a carta se dizendo “indignados” com a participação do presidente na missa em Aparecida e com “sua profanação do sagrado no templo e fora dele”. “Quem despreza a vida profana o sagrado. Indignamo-nos com o apoio que autoridades eclesiásticas católicas ainda expressam a esse homem maldoso que não possui o menor respeito pela fé e por aquelas e aqueles que a professam. Indignamo-nos com seu profano gesto de dar a César o que é de Deus.”