19 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

País escolheu o que havia de pior na política nacional, diz Renan Calheiros

Senador lembra os versos de Belchior: “Se no ano passado eu morri, neste ano eu não morro”.

Renan: a Lava Jato criminalizou a política e fez estragos no Brasil

Relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) aproveitou uma entrevista neste sábado, 8, para alfinetar a família do presidente Jair Bolsonaro, em especial o filho mais velho, senador Flávio Bolsonaro, e falar sobre as consequências do que classificou como tentativa de “purificação da política” nas eleições de 2018, no contexto da Operação Lava Jato.

Para Calheiros, em nome disso, “se escolheu o que havia de pior na política nacional”.

O senador, que foi denunciado na Lava Jato, rejeitou ainda a ideia de que “ressurgiu” a partir do momento em que assumiu a relatoria da CPI. Calheiros disse que estava fazendo um “jogo mais tático”, contido, e que agora poderá ir mais ao ataque.

“De vez em quando, eu subia um pouco, mas contidamente. Agora estou podendo fazer isso mais no ataque, né, tentando construir algumas jogadas mais objetivas. Mas tenha a certeza que se é verdade, se no ano passado eu ‘morri’, neste ano eu não morro. Neste ano eu não morro, não”, disse o senador, em referência à canção ‘Sujeito de Sorte’, de Belchior.

Para Calheiros, dentre os “estragos provados pela Lava Jato”, a política foi “devastada”. “A circunstância eleitoral em função dos estragos da Lava Jato possibilitou a substituição da política. E a eleição para presidente de alguém que estava na política há 28 anos, com todos os filhos na política, e até ex-mulheres na política – e pior, sendo contestado de ter feito ou não ter feito rachadinha com salários de servidores que integravam gabinete”, disse o senador durante o programa ‘Prerrogativas’, transmitido pela Rede TVT.

Flávio Bolsonaro foi denunciado por peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa, no processo conhecido como das ‘rachadinhas’. “Em nome da purificação da política, se escolheu – e espero que ele prove o contrário – o que havia de pior na política nacional. Foi esse o retrocesso que nós observamos no Brasil nos últimos anos. E isso exigiu uma resistência”, disse Calheiros, para quem, desde os primeiros dias de governo Bolsonaro, os Poderes ficaram “sufocados e ameaçados permanentemente”.