Até mesmo parte do centrão já admite chances de que o presidente Jair Bolsonaro não consiga conquistar o segundo mandato nas eleições de 2022.
Segundo o Estadão, membros do Progressistas, partido do presidente da Câmara, Arthur Lira (AL), e do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, tem traçado esse cenário e aposta que a eleição para o Palácio do Planalto pode até mesmo ser decidida no primeiro turno.
“Tem uma chance grande de o presidente Bolsonaro não estar no segundo turno. A gestão está ruim e mal avaliada e uma série de fatores o atrapalham”. Gilberto Kassab, presidente do PSD.
O PSD tem em seus quadros o ministro das Comunicações, Fábio Faria, que está de saída do partido por causa das divergências da sigla comandada por Kassab com o governo. Faria vai para o Progressistas e Kassab faz articulações para filiar o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), ao PSD. A ideia é lançá-lo à cadeira de Bolsonaro.
Presidente do PL no Rio, o deputado Altineu Cortês, por exemplo, disse apoiar a reeleição do presidente, mas afirmou que o governo necessita com urgência fazer mudanças importantes na seara econômica. Bolsonarista de carteirinha, Cortês argumentou que o ministro da Economia, Paulo Guedes, atrapalha o governo por não ter “sensibilidade social” e deve sair do cargo.
“Precisamos de um ministro que trate da responsabilidade fiscal, mas que tenha sensibilidade social. Essa sensibilidade social, hoje, infelizmente, o ministro Paulo Guedes tem na sola do pé”. Altineu Cortês, presidente do PL.
Antes disso, a situação acreditava que Bolsonaro seria competitivo no ano que vem com crescimento econômico e com um novo Bolsa Família, agora batizado de Auxílio Brasil. E imaginavam que com todos vacinados, os problemas da pandemia seriam passado.
Ledo engano: inflação, juros e desemprego em alta, a população sente os efeitos da deterioração econômica e do aumento do preço dos alimentos, do gás de cozinha, da conta de luz e da gasolina.
O que acontece portanto não é uma situação vista como passageira, agravada por uma nova onda da pandemia, crise hídrica e a instabilidade autoritária de Bolsonaro, que investe em ameaças à democracia e em conflitos institucionais.
XP
Pesquisa XP-Ipespe divulgada na semana passada mostra as dificuldades enfrentadas pelo presidente. A pesquisa também mostrou continuidade na tendência de crescimento das intenções de voto no ex-presidente Lula (PT), que aparece com 40% das intenções de voto no levantamento de agosto, 2 pontos percentuais a mais que na pesquisa de julho.
O salto na avaliação ruim/péssima para 54%, desaprovação em 63%, rejeição eleitoral em 61% e corrupção explicam o desespero de Bolsonaro. Do outro lado 67% acompanham a CPI e 57% a aprovam. Números eloquentes da pesquisa XP/Ipespe.#CPIdaPandemia pic.twitter.com/PaP1sFmK2s
— Renan Calheiros (@renancalheiros) August 17, 2021
Esta é a 5ª rodada da pesquisa em que o ex-presidente repete a tendência de alta. Ele tinha 25% em março, quando seu nome voltou a ser testado. Jair Bolsonaro tem 24% das intenções de voto, 2 pontos a menos que a última rodada. Atrás do ex e do atual presidente aparecem Ciro Gomes (10%), Sergio Moro (9%), Luiz Henrique Mandetta e Eduardo Leite (4%).
O petista também lidera cenário alternativo, em que João Doria (5%) é testado no lugar de Eduardo Leite e são incluídos Datena (5%) e Rodrigo Pacheco (1%) e Sergio Moro é excluído. Nesse cenário, Lula tem 37% e Bolsonaro, 28%.