29 de março de 2024Informação, independência e credibilidade
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Pastores que apoiam Bolsonaro devem R$ 460 milhões ao governo

Mas, em reunião no Planalto as igrejas ainda levaram mais R$ 30 milhões para divulgação

Bolsonaro e Edir Macedo: parceria política em nome da fé

As igrejas evangélicas dos pastores Edir Macedo, Waldemiro Santiago, Silas Malafaia, RR Soares, Samuel Bravo, Estevam Hernandes, entre outros menos cotados, devem aos cofres do governo federal R$ 194 milhões. São débitos previdenciários e da Receita Federal

Embora, atualmente no País, igrejas acumulam dívidas milionárias com a Receita Federal. De acordo com apuração da Agência Pública, no final de 2019 as dívidas de 1.200 igrejas somavam R$ 460 milhões.

Eis que no início deste mês os pastores estiveram reunidos com o presidente Jair Bolsonaro, no Planalto, e insistiram pelo perdão da dívida. Mas, não ficou só nisso.

Os pastores saíram do palácio com um mimo vantajoso.

Eles receberam mais de R$ 30 milhões da Secretaria de Comunicação da Presidência da República. O dinheiro foi destinado para a veiculação de campanhas publicitárias nas rádios e TVs das igrejas que apoiam o governo.

O encontro no Planalto foi organizado pelo pastor Silas Malafaia. Lá, ele disse que o evento com o presidente era para “interceder pela nação e levantar um clamor pelo Brasil”. Concretamente, levantou mais do que isso.

Bolsonaro e religiosos: a orações não saem de graça…

Pastor preso – Um dos presentes foi o apóstolo Estevam Hernandes, da Igreja Renascer em Cristo. A igreja é dona da Rede Gospel, uma emissora de TV mantida pela Fundação Evangélica Trindade.

De acordo com a Pública, Em 2012, o apóstolo Estevam Hernandes e sua esposa, a bispa Sônia Hernandes, foram obrigados pelo Tribunal de Contas da União (TCU) a devolver R$ 785 mil aos cofres públicos por fazer uso de repasses do Ministério da Educação à Fundação Renascer. O dinheiro deveria ter sido utilizado para alfabetização de jovens e adultos.

Já em 2007 o mesmo casal foi preso nos Estados Unidos, acusado de tentar entrar no país com dinheiro não declarado dentro de uma bíblia.

O planalto tem esses religiosos como referência para fazer a chamada “mídia positiva” do governo.

Só que depois de pastores foi a vez de padres da igreja católica que controlam rádios e TVs. Em 21 de maio eles se ofereceram para apoiar o governo e receberam, segundo o Estadão, R$ 4,6 milhões.

O caso escandalizou a Conferência Nacional dos Bispos Brasileiros (CNBB), que, em nota, protestou contra a atitude dos padres e declarou que “a Igreja Católica não faz barganhas”.

Mas, pelo sim, pelo não, o dinheiro foi parar na conta.