Passadas mais das 45 horas do anúncio oficial da vitória de Luís Inácio Lula da Silva nas eleições presidenciais do 2º turno, o presidente Jair Bolsonaro finalmente deu as caras para falar algo. Mas, em retrospectiva, seria melhor ter ficado calado.
Jair não cita Lula e fala em “injustiça e indignação” para justificar o manifesto de seus apoiadores. Ele, no entanto, disse que estes estariam “agindo como a esquerda”, com invasões de propriedade pública e cerceando o direito de ir e vir.
O que se intitula “imbrochável” durou apenas 2 minutos e 3 segundos diante dos microfones, em fala que terminou com ele falando a mesma ladainha de sempre: o que ele diz ser valores familiares e a força dos candidatos que colocou no Congresso do próximo ano (em uma eleição que ele contesta.
Leia mais: Ministro do STF chama Bolsonaro de ‘moleque’
Bloqueios impedem chegada de comida nos mercados e oxigênio nos hospitais
Depois, saiu sem responder perguntas.
O silêncio (ou estes dois minutos) do presidente ocorre em meio a uma série de protestos de caminheiros pelo país. De acordo um balanço divulgado pela PRF (Polícia Rodoviária Federal) na manhã desta segunda-feira, há 70 bloqueios registrados no país. Eles acontecem em 11 estados e no Distrito Federal.
Ao menos o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, confirmou o início a transição de governo junto ao vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB).
Confira a íntegra do discurso:
Quero começar agradecendo os 58 milhões de brasileiros que votaram em mim no último dia 30 de outubro. Os atuais movimentos populares são fruto de indignação e sentimento de injustiça de como se deu o processo eleitoral.
As manifestações pacíficas sempre serão bem-vindas, mas os nossos métodos não podem ser os da esquerda, que sempre prejudicaram a população, como invasão de propriedade, destruição de patrimônio e cerceamento do direito de ir e vir.
A direita surgiu de verdade em nosso país. Nossa robusta representação no Congresso mostra a força dos nossos valores: Deus, pátria, família e liberdade.
Formamos diversas lideranças pelo Brasil. Nossos sonhos seguem mais vivos que nunca. Somos pela ordem e pelo progresso. Mesmo enfrentando todo o sistema, superamos uma pandemia e as consequências de uma guerra.
Sempre fui rotulado como antidemocrático e, ao contrário dos meus acusadores, sempre joguei dentro das quatro linhas da Constituição. Nunca falei em controlar ou censurar a mídia e as redes sociais.
Enquanto presidente da República e cidadão, continuarei cumprindo todos os mandamentos da nossa Constituição.
É uma honra ser o líder de milhões de brasileiros que, como eu, defendem a liberdade econômica, a liberdade religiosa, a liberdade de opinião, a honestidade e as cores verde-amarela da nossa bandeira.
Muito obrigado.