19 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Perdido, Moro diz que vai visitar “terra de Padre Cícero” e acusa agente do TCU de “abuso de poder”

Ex-juiz não declarou na Justiça os milhões que ganhou graças a Lava Jato e tenta esconder isso visitando Região que recebeu desdém de Bolsonaro

Tido como o “candidato de 3º via”, o ex-juiz Sergio Moro (Podemos) simplesmente não decola nas pesquisas eleitorais. Sem nunca passar dos 10%, ele está tecnicamente empatado com Ciro Gomes (PDT) e até mesmo João Doria (PSDB). Portanto, não representa nenhum problema aos candidatos Lula (PT) e Jair Bolsonaro (PL).

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Tentando ganhar sobrevida (ou mesmo relevância), o ex-ministro da Justiça de Bolsonaro tenta de tudo. Perdido e desesperado, além de fugir de Ciro Gomes, que insiste em debater ideias como candidatos, Moro resolveu até dizer que “sempre jogou Street Fighter de rodoviária”.

A postagem recente nas redes sociais foi difícil de se conceber. Para piorar, fez questão de dizer não escolhia outro personagem, que não Blanka (americano residente no Brasil), ansioso sempre para lutar contra Zangief, um comunista russo.

Moro, de terno com ombreiras, tenta controlar Blanka, brasileiro naturalizado norte-americano, em luta no jogo Street Fighter 2… usando as mãos invertidas ao tentar usar os comandos

Não tão patética, mas muito mais oportunista, Moro agora diz que vai visitar Juazeiro do Norte (CE), “terra do Padre Cícero”, localizada a cerca de 530 km de distância de Fortaleza. A viagem, segundo ele, já estava planejada há algumas semanas.

“No domingo, estarei em Juazeiro do Norte, no Ceará, para conhecer a terra de Padre Cícero. Ele nasceu em Crato, mas fez sua vida em Juazeiro. Viagem planejada há semanas”. Sergio Moro.

É muito difícil acreditar que a viagem esteja marcada há tanto tempo, até porque justamente no dia anterior ao anúncio o presidente Bolsonaro confundia o estado natal de Padre Cícero. E, não só isso, chamou nordestinos de “pau-de-arara”. Difícil de não imaginar desespero político.

Milhões com a Lava Jatoo

Para piorar, ele deve enfrentar mais problemas ainda na Justiça. Já considerado suspeito pelo Supremo Tribubal Federal (STF) em suas decisões da Lava Jato, a corte suprema também decidiu que ele deveria anunciar o quanto ganhou em uma empresa que tinha laços com a Lava Jato. E foram milhões.

Obrigado a revelar salário, Moro diz que recebeu R$ 3,7 milhões da Alvarez & Marsal, empresa que recebeu ao menos R$ 65,1 milhões de empresas envolvidas na operação Lava Jato.

Apenas para se ter uma ideia, o tal tríplex do Guarujá que, sem provas, Moro ligou a Lula por “favores políticos”, foi orçado em cerca de R$ 2,2 milhões.

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Por causa disso, o subprocurador-geral Lucas Furtado, do MP (Ministério Público) ligado ao TCU (Tribunal de Contas da União), pediu a indisponibilidade de bens do presidenciável Sergio Moro por suposta sonegação de impostos em relação aos pagamentos que o ex-ministro da Justiça recebeu da consultoria.

No pedido de bloqueio, o subprocurador destaca suposta inconsistência dos documentos comprobatórios, já que não houve:

  • apresentação na íntegra dos dois contratos firmados com Moro;
  • declaração de saída definitiva do Brasil; avaliação da existência de visto americano para trabalho;
  • averiguação da tributação pelo lucro real da empresa;
  • suposta utilização da “pejotização” de Moro para reduzir a tributação incidente sobre o trabalho.

Em nota, Moro diz ser vítima de “abuso de poder” e que está disponível para prestar esclarecimentos ao órgão.

O marqueteiro de Moro, Pablo Nobel, quer atrair bolsonarista desiludido e tornar ex-juiz menos formal. Pablo diz que corrupção não será tema central da campanha e que buscará aproximar candidato do eleitor. Difícil se corrupção e informalidade andam lado a lado com o ex-juiz.