20 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

PF diz que Moro mente

Ex-juiz e ex-ministro de Bolsonaro disse que “hoje não tem ninguém no Brasil sendo investigado e preso por grande corrupção”

A direção da Polícia Federal emitiu, ontem (15), uma nota oficial para rebater acusações do ex-ministro da Justiça Sergio Moro, pré-candidato à Presidência da República pelo Podemos.

Em entrevista à Rádio Jovem Pan, Moro criticou a atual gestão da corporação, dizendo que “hoje não tem ninguém no Brasil sendo investigado e preso por grande corrupção”.

Em nota assinada como “a Polícia Federal”, o órgão acusou Moro de “mentir” e se defendeu, afirmando que efetuou “mais de mil prisões apenas por crimes de corrupção nos últimos três anos”.

Como resposta, a PF destacou que efetuou mais de mil prisões e realizou 1.728 operações contra crimes deste tipo nos últimos três anos.

“O ex-ministro não aponta qual fato ou crime tenha conhecimento e que a PF estaria se omitindo a investigar. Tampouco qual inquérito policial em andamento tenha sido alvo de ingerência política ou da administração”. Trecho de nota da PF.

A PF disse ainda que Moro confunde as funções da instituição e repudiou o fato do ex-juiz ter dito que a corporação não tem autonomia.

“O papel da corporação não é produzir espetáculos. O dever da Polícia é conduzir investigações desconectadas de interesses político-partidários. Moro desconhece a Polícia Federal e negou conhecê-la quando teve a chance. Enquanto ministro da Justiça não participou dos principais debates que envolviam assuntos de interesse da PF e de seus servidores”. Trecho de nota da PF.

Por fim, a PF salientou que se mantém firme no combate à corrupção e disse que não deve ser usada “como trampolim para projetos eleitorais”.

A nota tem um tom acima do usual, uma vez que órgãos públicos não costumam se envolver em política eleitoral e responder a pré-candidatos, especialmente a Polícia Federal, que atualmente está investigando a suspeita de interferência política na corporação por parte do presidente Jair Bolsonaro.

Em abril de 2020, Moro deixou o comando do ministério da Justiça, ao qual está vinculada a Polícia Federal, alegando que Bolsonaro pressionava pela substituição do delegado-geral da corporação e exigia acesso a relatórios sigilosos. A PF instaurou um inquérito para apurar as denúncias.