O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a senadora Simone Tebet (MDB), e o ex-ministro Ciro Gomes (PDT), pré-candidatos à Presidência da República, criticaram hoje o presidente Jair Bolsonaro (PL) por declarações contra o sistema eletrônico de votação em reunião com embaixadores.
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Lula disse que Bolsonaro “conta mentiras contra nossa democracia”. O petista lamentou que temas de interesse do Brasil, como “desenvolvimento ou combate à fome” não tenham sido debatidos.
É uma pena que o Brasil não tenha um presidente que chame 50 embaixadores para falar sobre algo que interesse ao país. Emprego, desenvolvimento ou combate à fome, por exemplo. Ao invés disso, conta mentiras contra nossa democracia.
— Lula (@LulaOficial) July 18, 2022
Em nota, Tebet diz esperar que os demais pré-candidatos manifestem no TSE sua confiança nas urnas eletrônicas para todos os brasileiros. Para a senadora, o Brasil “passa vergonha diante do mundo”.
“O presidente convocou embaixadores e utilizou de meios oficiais e públicos para desacreditar mais uma vez o sistema eleitoral brasileiro. Reforço minha confiança na Justiça Eleitoral e no sistema de votação por urnas eletrônicas”.
Ciro disse que a reunião de hoje foi um “horrendo espetáculo”. O pré-candidato do PDT defendeu a busca de “instrumentos legais” para retirar Bolsonaro do cargo e criticou o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), responsável por autorizar processos de impeachment.
Nunca, em toda história moderna, o presidente de um importante país democrático convocou o corpo diplomático para proferir ameaças contra a democracia e desfilar mentiras tentando atingir o Poder Judiciário e o sistema eleitoral.
— Ciro Gomes (@cirogomes) July 18, 2022
Os presidenciáveis André Janones (Avante), Felipe. D’Ávila (Novo) e Sofia Manzano (PCB) também se manifestaram. Janones disse que as falas de Bolsonaro sobre “fraudes nas eleições” são papo furado, e ironizou os votos em João Amoedo, à época candidato do Novo.
D’Ávila ressaltou o fato de Bolsonaro ter contestado a validade de uma eleição que ele mesmo saiu vencedor. Também criticou o fato de o presidente questionar um sistema eleitoral que foi responsável por eleger seus familiares diversas vezes.
Weintraub
Ex-ministro da Educação e pré-candidato ao governo de São Paulo, Abraham Weintraub (PMB) afirmou que o presidente Jair Bolsonaro (PL) ensaiou um “discurso da derrota” no encontro realizado nesta segunda-feira (18) com embaixadores de diversos países. Bolsonaro colocou em dúvida o sistema eleitoral brasileiro e levantou suspeitas infundadas sobre a segurança das eleições de 2022.
“Hoje a gente vai discutir o que foi essa reunião com os embaixadores. Para mim, foi um ensaio do discurso da derrota. Fiquei chocado com o tom, na forma, na substância”, disse, em transmissão ao vivo pelas redes sociais sob o nome de “O dia da Bravata Internacional”.
Weintraub criticou o ex-chefe dizendo que Bolsonaro repetiu “aquele papo de sempre”, e ressaltou o tom de derrota. Para o ex-ministro, o presidente estava “murcho” e quis dizer que não seria justo perder a eleição.
Bolsonaro
O presidente Jair Bolsonaro (PL) reuniu na tarde desta segunda (16) um grupo de embaixadores no Palácio da Alvorada, em Brasília, para levantar novamente suspeitas infundadas sobre a segurança do processo eleitoral de 2022.
O encontro, que foi anunciado por Bolsonaro há mais de um mês, foi transmitido pela TV Brasil, uma emissora pública, a menos de 80 dias das eleições.
Em seu pronunciamento, que durou pouco mais de 30 minutos, Bolsonaro falou especialmente sobre um inquérito aberto pela PF (Polícia Federal), em 2018, que apurou uma invasão cibernética aos sistemas do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Ele repetiu teorias da conspiração sobre urnas eletrônicas, desacreditou o sistema eleitoral, promoveu novas ameaças golpistas e atacou ministros do STF (Supremo Tribunal Federal).
No discurso, Bolsonaro atacou especialmente o presidente do TSE, ministro Edson Fachin, e os ministros Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso, do STF (Supremo Tribunal Federal). Barroso presidiu o TSE até fevereiro desse ano, quando deu lugar a Fachin, e Moraes estará à frente do tribunal durante as eleições, em outubro.
Encerrou esperando ser aplaudido. Passou vergonha.