Com momentos de insensatez, insanidade e agressividade, o Brasil viveu mais um péssimo final de semana. Não fosse o suficiente a pandemia que já levou mais de 7 mil pessoas em todo o país, a crise política se intensifica. E escalona de maneira assemelhante à gravidade do covid-19.
Com uma suja campanha de desinformação, já há quem faça acreditar que as mortes são inventadas. Que caixões vazios estão sendo enterrados e que governadores e prefeitos fecharam o comércio, e mentem sobre os números de mortos, para afetar diretamente o presidente Jair Bolsonaro. Mesmo com o balanço sendo divulgado pelo próprio Ministério da Saúde.
O @minsaude atualiza a situação do #coronavirus no Brasil – 03/05:
▶️ 101.147 casos confirmados
▶️ 7.025 óbitos
▶️ 51.131 em acompanhamento
▶️ 42.991 recuperados
▶️ 1.364 óbitos em investigação
Confira mais informações na plataforma: https://t.co/fIH1TRftNx#COVID19 pic.twitter.com/fKM6FXVRRn— Ministério da Saúde (@minsaude) May 3, 2020
Entrar no mérito da cuestão é irrelevante aqui: assim como não dá pra usar da razão com quem acha que a Terra é plana e que vacinas são perigosas, não dá nem pra discutir com quem acha que a pandemia é uma farsa, histeria, algo que está indo embora.
O problema é saber quais serão os próximo alvo dos ataques. E usando apenas do empirismo, dá pra notar nas claras evidências de que nada é sagrado. Um profissionais de saúde, que silenciosamente protesta por melhores condições e EPIs? Alvo.
Nenhum episódio desde 2013 me afetou tanto quanto esse vídeo dos bolsonaristas atacando os enfermeiros em seu legítimo de direito de protestar por melhores condições de trabalho para COMBATER UMA PANDEMIA. Escória.pic.twitter.com/EdNO4DDa9O
— Irlan Simões (@IrlanSimoes) May 1, 2020
A imprensa, também essencial, apesar de constantemente ser chamada de mentirosa e antidemocrática, mas que segue fazendo seu trabalho ao emitir o que está acontecendo, trabalhando durante um protesto? Alvo.
Haverá sempre um jornalista para registrar quando a democracia sai de cena. Ueslei Marcelino, da Reuters, mostra o colega, Dida Sampaio, do Estadão, sendo agredido por bolsonaristas. Registro feito no Dia Internacional da Liberdade de Imprensa. pic.twitter.com/y1rVirI6nf
— Fabianna Pepeu (@FabiannaPepeu) May 4, 2020
Estes são casos concretos. E no tanto de ‘morde e assopra’, achar que um ‘cão que ladra, não morde’ vai fazer com que, de uma hora para outra, se revele uma fera e…. Surpresa, leopardos vão comer a cara até de quem se achava seguro.
Num momento preocupante de todos contra todos, chega a ser no mínimo ridículo o que está acontecendo. Após o divórcio como presidente, Moro está sendo chamando de comunista. Claro, apoiadores do ex-juiz da Lava Jato agora chamam os bolsonaristas de comunistas. É a caça às bruxas do Macarthismo tudo de novo. E com toques brasileiros: claro, no meio disso tudo, a Culpa é do PT.
Ocorreu-me aqui um pensamento conspiratorio: teriam os Petistas contratado os Bolsonaristas para desmoralizar de vez a direita? Diante de tanta irracionalidade, somente essa hipótese faz algum sentido!
— Janaina Paschoal (@JanainaDoBrasil) May 3, 2020
Infelizmente, o que temos aqui é um perigo real e imediato para todos que pensem contrário a quem está no poder. O pensamento contraditório se torna inimigo, algo completamente não democrático.
Mesmo com uma pandemia que seguirá matando muita gente, afinal, houve uma completa sabotagem das recomendações contra o vírus (e que já deram certo em diversos países, como Paraguai, Nova Zelândia e Dinamarca), o mais importante acabou sendo a economia. Até trabalhadores ajoelhados são usados em protestos para que seus chefes reabram as lojas.
Em Campina Grande (PB), empresários fizeram um “protesto” e para isso obrigaram funcionários a ficarem em frente das lojas, sem distanciamento social. Eles inclusive ajoelharam no chão para “orar pela reabertura do comércio”. O comércio está fechado pela pandemia de coronavírus. pic.twitter.com/P1l3nMjeTl
— William De Lucca (@delucca) April 28, 2020
Fora que celebridades milionárias estão irritadas com um número ‘pequeno’ de mortes frustrando seus negócios. E isso tudo alimentando por uma campanha de desinformação, que deferia ser investigada pela Polícia Federal, mas que segue atuante e entrando de verdade na cabeça de pessoas.
No preocupante desfecho deste final de semana, milhares de pessoas se reuniram em Brasília, em frente ao Palácio da Esplanada, residência oficial do presidente. Que foi de perto, vê-los. Com a filha do lado. Bandeiras do Brasil e, por algum motivo, de Israel e Estados Unidos sendo agitadas.
Lá, por um momento, nada se tornou mais importante que o presidente. Que chamá-lo de mito. E bradar contra os inimigos da população.
Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados, e que tem na gaveta mais de 30 processos de impeachment contra Bolsonaro? Alvo.
Governadores e prefeitos, que estão acabando com a economia de pais de família e mentem sobre o vírus? Alvo.
Moro, um judas traidor, que nesse tempo todo não fora ministro, mas sim um espião infiltrado no governo? Alvo.
Realmente é preciso muito tempo dando depoimentos a delegados amigos para ver se acham algo contra Bolsonaro.
Moro não era ministro, era espião.
— Eduardo Bolsonaro🇧🇷 (@BolsonaroSP) May 3, 2020
STF, que deus aos governadores poderes durante esta pandemia e impediu a posse do amigo dos filhos do presidente na PF? Alvo.
Você, que resolveu ler esse texto todo e acabou concordando com alguns trechos? Alvo.
A democracia, que tem um presidente eleito afirmando que as Forças Armadas estão ao lado de quem quer fechar o Congresso e STF?
Alvo.
E ainda temos o covid-19 no meio disso tudo…