Nesta semana, o Conselho de Educação do Condado de Orange aprovou em votação o retorno das crianças às escolas. Sem máscaras ou distanciamento social, apesar do aumento nos casos de coronavírus e de mais de 7.000 mortes de Covid-19 no estado.
Claro, o retorno de volta às aulas com um plano com um número “aceitável” de mortes entre professores e estudantes alarmou os profissionais envolvidos na educação.
As decisões sobre se as escolas serão reabertas e em que capacidade foram deixadas principalmente para os distritos escolares. Ou seja: não é só por aqui que a ciência vem perdendo espaço nas decisões durante esta pandemia.
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O presidente Donald Trump pressiona a abertura das escolas e reclama que as diretrizes são “muito difíceis e caras”. Ou seja: há um custo oneroso, inaceitável segundo ele, para auxiliar crianças e profissionais da educação.
De uma coisa, os professores têm certeza: o risco é sério. Segundo a CNN americana, muitos deles já atualizam até mesmo seus testamentos. Os profissionais também aconselham aos demais colegas fazer um seguro de vida suplementar.
Ansiedade
Os professores com os quais a CNN conversou se descreveram como planejadores, mas disseram que precisam saber o que planejar. Alguns professores se sentem mais vulneráveis ao coronavírus porque são mais velhos ou têm problemas de saúde.
“Estou extremamente ansioso com a morte. Eu gosto de estar no controle. Isso me assusta, porque eu não estou no controle.” Forehand, professora.
Embora sua idade não a coloque em um grupo de alto risco, Forehand disse que ela tem asma moderada a grave. “Não sou de me arriscar”, disse ela. “Não é algo que eu queira brincar.”
Eleeza, que tem condições médicas que a colocam em risco de doença grave ou morte se ela contrair o vírus, disse que não foi para nenhum outro lugar, exceto em sua casa, desde 13 de março.
No mês que vem, ela estará em uma escola que normalmente tem 2.000 alunos e centenas de funcionários em um prédio que ela diz estar mal ventilado. Suas salas de aula normalmente têm de 35 a 38 alunos. Ela questiona a limpeza de cada computador , que cada aluno usa, entre as aulas.
“Para fazer isso, tenho que me expor a áreas de alto toque. Então, minha ansiedade é muito alta, porque eu tenho medo de trazê-la para casa para minha família. Mesmo usando máscaras, usando desinfetante para as mãos, sinto que estamos meio que sendo jogados nela”. Eleeza, professora.
Fiocruz no Rio
A situação não é muito diferente no Brasil. Mais precisamente no Rio de Janeiro, a Fiocruz prevê até 3.000 novas mortes no estado, por covid-19, se as aulas nas escolas forem retomadas a partir de agosto.
O estudo traça um panorama em todo o país do impacto da volta às aulas em uma população de mais de 9 milhões de pessoas do grupo de risco que convivem na mesma casa com crianças e adolescentes em idade escolar —600 mil delas moram no Rio.
A estimativa leva em consideração idosos com mais de 60 anos e pessoas com diabetes, problemas no coração ou no pulmão que convivem na mesma casa com ao menos uma pessoa com idade entre 3 e 17 anos. Segundo a Fiocruz, cerca de 10% dessa população deve precisar de cuidados intensivos —o equivalente a 60 mil pessoas no Rio.