A justiça tem lado e sabe escolher bem à base do vale quanto pesa. O caso das “rachadinhas” do senador Flávio Bolsonaro (Patriotas-RJ), agora anulado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), diz muito sobre essa realidade.
Flávio foi denunciado em processo de corrupção por peculato, organização criminosa e lavagem de dinheiro pelo Ministério Público do Rio.
Segundo a denúncia, ele desviava salários de funcionários durante os mandatos que teve como deputado estadual da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. O irmão dele, Carlos Bolsonaro, também foi acusado de manter a mesma prática na Câmara Municipal do Rio de Janeiro.
Mas, agora o STJ diz que isso não é problema. Ou que talvez não seja nada e anulou os processos.
O principal articulador para anulação do processo contra o senador, que é filho do presidente da República, foi o ministro João Otávio de Noronha.
Pode-se dizer que foi mera coincidência o fato do ministro ter se encontrado algumas vezes com Flávio e, a partir daí, ser cogitado ocupar uma vaga no Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).
Depois disso, o próprio Noronha ter pedido vistas no julgamento do processo em junho do ano passado também foi mais uma coincidência.
Assim, o caso ficou de molho no STJ até esta terça-feira, quando o julgamento foi retomado e a decisão foi anular todas as medidas determinadas na primeira instância, com o voto efusivo de Noronha. Com ele votaram os ministros Reynaldo Soares da Fonseca, Ribeiro Dantas e Joel Ilan Paciornik.
Normalmente, a sociedade condena a classe política pela exposição do toma lá da cá nas negociações secretas do parlamento.
Mas, isso não deve ser o caso do Judiciário.
De qualquer forma, imagine se o denunciado fosse um simples líder comunitário do Vale do Reginaldo, ou um pés descalços qualquer, em Maceió?
Certamente, estaria rachado ao meio.