30 de março de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Raoni, atacado por Bolsonaro, é um dos favoritos ao Nobel da Paz

Nomes como o da ativista Greta Thunberg ou do primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed são os maiores concorrentes

Raoni ao lado de Macron, presidente francês, também algoz indigesto de Bolsonaro

Em maio deste ano, o cacique Raoni Metuktire dizia que não era o momento de entrar em choque com o governo de Jair Bolsonaro (PSL) e queria um encontro com o presidente. Seu objetivo era o de debater a demarcação de suas terras e a proteção à floresta no país.

O encontro jamais ocorreu. Os incêndios passaram a dominar a agenda internacional e, no lugar do diálogo, o mundo descobriu em setembro o que Bolsonaro pensava do cacique, depois deste ser alvo de um discurso colérico do presidente na ONU.

Em seu discurso de abertura na Assembleia Geral, Bolsonaro hostilizou Raoni, denunciou uma suposta manipulação de sua imagem e decretou que seu “monopólio” tinha terminado. E que não vai mais demarcar terras enquanto for presidente.

Bolsonaro na tribuna da ONU faz discurso agressivo

E apesar de toda vontade contrária de Bolsonaro, Raoni pode ser uma surpresa indigesta no governo, se depender dos organizadores do Prêmio Nobel da Paz, que anunciam o vencedor nesta sexta (11).

Neste ano, nomes como o da ativista Greta Thunberg ou do primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, estão entre os mais citados. No total, foram 223 candidaturas de personalidades e 78 de organizações.

Mas não são poucas as publicações estrangeiras que colocam Raoni entre os cinco favoritos. Uma delas, a Time Magazine, lembro que o cacique “passou sua vida protegendo sua casa, a floresta Amazônica”. Na apresentação dele, não faltam referências a Bolsonaro nem aos incêndios.

Na Skybet, Raoni é o quarto colocado nas bolsas de apostas e, na imprensa em diferentes línguas, seu nome aparece entre os “favoritos”. Se nome foi proposto pela Fundação Darcy Ribeiro, e contou, ao longo de semanas, com uma campanha internacional.

E o governo brasileiro já está mobilizado para uma eventual vitória de Raoni. Na prática, seria um duro recado contra as políticas de Bolsonaro e um atestado de que sua estratégia de usar a “soberania” como argumento para se defender não teve resultado.

Para diplomatas, o prêmio a Raoni neste momento seria considerada como uma dura derrota do governo no cenário internacional, e colocaria Bolsonaro em uma saia-justa e faria a festa da oposição.

Questões indígenas e ambientais tem sido dois dos maiores problemas da imagem do governo Bolsonaro no exterior. Ao longo dos últimos meses, diversos líderes indígenas e ativistas de direitos humanos tem optado por usar o palco internacional para denunciar as políticas do atual governo.

O Nobel não é o único prêmio ao qual concorre Raoni: o Parlamento Europeu o colocou como um dos cinco finalistas para receber o prêmio Sakharov, a principal homenagem de direitos humanos da EU (União Europeia). A vereadora assassinada Marielle Franco (PSOL) e a ambientalista brasileira Claudelice Silva dos Santos também estão na lista.

Favoritos ao Nobel

A adolescente que inspirou protestos em defesa do meio ambiente, o líder indígena símbolo da proteção da Amazônia, o premiê que costurou um acordo de paz entre Etiópia e Eritreia e a primeira-ministra que se nega a falar o nome do atirador que matou 51 pessoas em seu país são alguns dos cotados a receber o Nobel da Paz deste ano.

O vencedor do prêmio mais respeitado do mundo, que reconhece uma iniciativa de promoção da paz, será anunciado nesta sexta (11), em Oslo. Ao lado da sueca Greta Thunberg, do etíope Abiy Ahmed e da neozelandesa Jacinda Ardern, quem também está em alta nas bolsas de apostas é o líder indígena brasileiro Raoni Metuktire.