29 de março de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Rejeição a Bolsonaro dispara e só Collor teve menos aprovação que o atual presidente

Mulheres, negros, jovens de 16 a 24 anos e moradores do Nordeste puxam a avaliação negativa da gestão

O governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tem a aprovação de 24% dos brasileiros, a pior marca de seu mandato até aqui, segundo pesquisa do instituto Datafolha. O percentual dos que consideram a gestão ótima ou boa era de 30% em março, quando foi feito o levantamento anterior.

Com a nova pesquisa sobre a avaliação de seu governo, Bolsonaro agora só fica atrás de Fernando Collor de Mello na rejeição de presidentes eleitos desde 1989 e que acumulavam tempo semelhante no cargo durante o primeiro mandato (2 anos e 5 meses).

Na mesma altura do governo, em 1992, já perto de ser ameaçado pelo processo de impeachment, Collor somava 68% de ruim ou péssimo e tinha 21% de avaliação regular. A fatia de ótimo e bom, no entanto, estava em 9%, bem abaixo da registrada hoje pelo atual mandatário.

O hoje senador e ex-presidente Fernando Collor com o atual presidente Jair Bolsonaro

Bolsonaro

Os que hoje rejeitam o governo Bolsonaro, considerando-o ruim ou péssimo, eram 44% e são 45% na nova pesquisa, realizada entre esta terça-feira (11) e esta quarta (12), com 2.071 entrevistas presenciais em 146 municípios de todo o Brasil. A margem de erro é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos.

O governo atual, que assumiu o Palácio do Planalto em janeiro de 2019, é avaliado como regular por 30% dos entrevistados, percentual maior do que os 24% de março; 1% não opinou.

A nova rodada do Datafolha mostrou também as intenções de voto pra 2022. Segundo o instituto, 54% dizem que não votariam nele de jeito nenhum, e o ex-presidente Lula (PT), seu principal adversário, lidera a corrida para a Presidência.

A série histórica da pesquisa mostra que, de dezembro para cá, a popularidade de Bolsonaro derreteu. A fatia de ótimo ou bom, que no último mês de 2020 atingia o recorde de 37%, foi caindo paulatinamente até chegar ao atual patamar de 24% (queda de 13 pontos percentuais).

Na mesma toada, o grupo dos que consideram o governo ruim ou péssimo, que em dezembro correspondia a 32%, cresceu sucessivamente até atingir os atuais 45% (alta também de 13 pontos).

Números

Bolsonaro já sabe que terá que enfrentar um alto índice de rejeição, especialmente no Nordeste, onde 62% dos consultados disseram que não votariam nele de jeito nenhum no primeiro turno.

No país, a rejeição ao presidente é de 54%, ou seja, mais da metade do eleitorado, segundo o levantamento publicado nesta quarta-feira (12). Seu pior desempenho é no Nordeste, seguido por Sudeste (53%), Centro Oeste/Norte (49%) e Sul (46%).

A aprovação é mais elevada entre os homens (29% deles consideram o governo ótimo ou bom) do que entre as mulheres (entre elas, a porcentagem cai para 21%).

No recorte por idade, o governo possui o pior desempenho entre os cidadãos mais jovens. Entre pessoas com 16 a 24 anos, apenas 13% acham a gestão ótima ou boa. O maior índice de aprovação é encontrado na faixa dos que têm 60 anos ou mais, em que 29% expressam opinião positiva.

Já a classificação por escolaridade demonstra impopularidade maior entre os que estudaram mais. Enquanto entre os brasileiros com ensino superior chega a 57% a taxa de ruim ou péssimo, o percentual despenca para 40% entre as pessoas que têm só o ensino fundamental.

Pelo critério de renda, a maior rejeição se encontra na faixa acima dos dez salários mínimos mensais: 63% consideram o governo ruim ou péssimo. O percentual recua para 45% entre os mais pobres (com até dois salários), se mantém nos 45% no grupo de dois a cinco salários e chega a 47% no de cinco a dez.