15 de outubro de 2024Informação, independência e credibilidade
Policia

Renan Calheiros é indiciado pela PF por corrupção

O senador e seu colega Eduardo Braga são acusados de receber propina para favorecer empresa

Os senadores aliados do Governo, Eduardo Braga e Renan Calheiros, ambos do MDB

Os senadores Renan Calheiros (MDB-AL) e Eduardo Braga (AM), líder do MDB no Senado, além do ex-senador Romero Jucá (MDB-RR), foram indiciados pela Polícia Federal.

Eles são acusados pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Isso por causa de um esquema de pagamentos de propina para atuarem, favoravelmente no Congresso Nacional, em favor do antigo grupo Hypermarcas, atual Hypera Pharma, do ramo farmacêutico.

A antiga Hypermarcas, segundo relatório final do inquérito, pagou cerca de R$ 20 milhões para os senadores, por intermédio do empresário Milton Lyra, apontado pela PF como lobista intermediário do MDB.

Em troca, eles foram favoráveis em um projeto de lei que tramitou no Senado nos anos de 2014 e 2015 sobre incentivos fiscais a empresas.

Além disso, a PF ainda aponta que o senador Renan indicou um nome para a diretoria da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), com o objetivo de auxiliar nos interesses do grupo empresarial dentro da agência.

Após seis anos de tramitação, o relatório final do inquérito foi enviado pela PF no mês passado ao STF (Supremo Tribunal Federal), sob sigilo. O relator do processo, ministro Edson Fachin, encaminhou o material à PGR (Procuradoria-Geral da República). A equipe do procurador-geral, Paulo Gonet, está analisando o material para decidir se apresenta denúncia contra os senadores.

Lava Jato

Esse inquérito é um desdobramento da Operação Lava Jato e havia sido aberto em 2018, a partir da delação premiada de Nelson Mello, à época um dos diretores da antiga Hypermarcas.

Ele admitiu que firmou contratos fictícios com empresas indicadas por Milton Lyra, sem prestação de serviços, com o objetivo de repassar os valores aos políticos. Milton também foi indiciado sob acusação de lavagem de dinheiro.

Empresa com ações na Bolsa de Valores, a Hypermarcas decidiu mudar de nome em 2018, após os desgastes envolvendo as investigações da Lava Jato. A partir de então, passou a se chamar Hypera Pharma.

A PGR chegou a pedir a rescisão da delação premiada de Nelson Mello apontando omissões em seus relatos com o objetivo de proteger os acionistas do grupo. Depois disso, foi feita uma repactuação e outros diretores aderiram ao acordo de delação, como o ex-presidente do Conselho de Administração, João Alves de Queiroz Filho.

O fundador da empresa, João Alves de Queiroz Filho, até hoje é o acionista majoritário, mas se afastou do conselho de administração da companhia depois de ter sido alvo de uma operação da Polícia Federal por suspeitas de omissões no acordo de delação premiada de um dos diretores da empresa.

Com isso, ele teve que confessar o conhecimento dos crimes cometidos e também assinar um acordo de delação.A empresa atualmente produz diversas marcas populares no ramo farmacêutico, como anestésicos, antibióticos e anti-inflamatórios.

Outro lado

A defesa de Romero Jucá afirmou que “repudia e repele o indiciamento recente no inquérito instaurado com base única e exclusivamente na delação premiada do executivo do grupo Hypermarcas”.

Já os senadores Eduardo Braga e Renan Calheiros ainda não se pronunciaram.