23 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Renan diz que Bolsonaro deve ser responsabilizado pelo caso Covaxin

Contrato de R$ 1,6 bilhão para aquisição de 20 milhões de doses da Covaxin é alvo de investigação da CPI

O relator da CPI da Covid, Renan Calheiros (MDB-AL), disse que o presidente Jair Bolsonaro cometeu crime de corrupção no caso da tentativa de compra da Covaxin. Para o senador, o presidente ainda prevaricou em relação às denúncias na negociação da vacina indiana pelo Ministério da Saúde.

“Entendo (que o presidente praticou corrupção) e as suas digitais estão no telefonema que fez ao primeiro-ministro da Índia pedindo para reservar 20 milhões de doses da vacina. E depois o crime óbvio de prevaricação, quando prometeu tomar providências com relação à investigação”. Renan Calheiros, em entrevista ao UOL.

O contrato de R$ 1,6 bilhão para aquisição de 20 milhões de doses da Covaxin é alvo de investigação da CPI. O documento foi firmado em fevereiro deste ano pelo Ministério da Saúde com a indiana Bharat Biotech, por intermédio da Precisa Medicamentos.

De acordo com o contrato, o governo federal pagaria 1000% mais caro por dose da vacina do que anunciado seis meses antes pela própria Bharat Biotech. O documento só foi cancelado em julho, depois de virar alvo da CPI.

“O detalhamento da investigação, as circunstâncias, os elementos probantes, tudo isso leva a crer que ele (Bolsonaro) terá que ser responsabilizado sim por crime de corrupção e que isso deverá constar do relatório (da CPI)”. Renan Calheiros.

A suspeita de prevaricação por parte de Bolsonaro se deu a partir de notícias de que o deputado federal Luís Claudio Miranda (DEM-DF) afirmou ter informado ao presidente, em março, sobre um suposto esquema ilegal em torno da compra da Covaxin.

Bolsonaro então teria confirmado que isso seria coisa de deputado federal, seu líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), conforme informou o irmão de Miranda, o servidor do Ministério da Saúde Luís Ricardo Miranda, em depoimento na CPI no dia 25 de junho.

EUA e Queiroga

O relator da CPI disse que o presidente não mudou sua postura em relação à pandemia mesmo após tantos questionamentos. Ele afirmou que a ida do chefe do Executivo federal a Nova York para discursar na abertura da Assembleia Geral da ONU poderá ser usada na comissão.

O senador afirmou ainda que o atual ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, deverá ser apontado no documento. Queiroga é um dos 26 investigados pela comissão.

O relator da Comissão Parlamentar de Inquérito afirmou que Queiroga “já evoluiu para a condição de indiciado”.”E deverá ser responsabilizado por suas práticas também, como os demais que serão responsabilizados pela comissão”, afirmou o senador.