Sem negar casos de corrupção em seu governo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) subiu o tom contra o presidente Jair Bolsonaro (PL), seu principal adversário nas eleições, e defendeu a demarcação de terras indígenas durante sabatina na CNN Brasil hoje.
Lula falou durante 50 minutos em uma entrevista focada principalmente em corrupção. Sem dar nomes, ele defendeu que “quem meteu as mãos” na Petrobras deve ser punido e que o deputado Aécio Neves (PSDB-MG) é culpado pelo clima político que dominou o país depois de 2014.
Lula é o quinto candidato à Presidência da República entrevistado pela emissora. Antes dele, Ciro Gomes (PDT), Luiz Felipe D´Ávila (Novo), Simone Tebet (MDB) e Soraya Thronicke (União Brasil) foram sabatinados pelo apresentador William Waack.
Na entrevista de hoje, o petista defendeu o combate à corrupção no seu governo e cutucou Bolsonaro, dizendo que o presidente “entregou o orçamento” para o Congresso.
Lula afirmou ainda que Aécio Neves foi percursor do clima de “animosidade” na política. Por fim, também defendeu a demarcação de terras indígenas e pregou reorganização da ONU em torno do debate climático.
Corrupção
O tema da corrupção dominou a maior parte da sabatina. Mais à vontade do que no debate presidencial, o ex-presidente não negou que houve corrupção durante governos petistas, mas também não atribuiu nomes, defendendo sua gestão.
Mas Lula tem tocado mais nas feridas sobre escândalos durante os governos petistas e seu período na prisão, entre 2018 e 2019, por causa da Operação Lava Jato — e aproveitado para atacar Bolsonaro.
“Só haverá possibilidade de você não ser investigado se você não cometer ilícito. Se você cometer, você vai ser investigado, você vai ter o direito da presunção de inocência, mas, se você cometeu erro, você paga pelo preço”.
Lula lembrou ainda, mais uma vez, de mecanismos criados em seu governo, como o Portal da Transparência, além de cutucar Bolsonaro ao falar que, na gestão petista, a Polícia Federal era independente e a lista tríplice na escolha da PGR (Procuradoria Geral da República).
O ex-presidente criticou ainda o que chamou de “fragilidade” de Bolsonaro em lidar com o Congresso. Tem sido recorrente para o ex-presidente criticar o Orçamento Secreto e falar que o presidente é “refém” do chamado centrão e do deputado Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara.