Tentativas têm sido muitas para convencer as pessoas de que o coronavírus é real, altamente contagioso e apresenta alto índice de letalidade. Mas muita gente insiste em boicotar as recomendações básicas e fundamentais: Fique em casa; use máscara; lave sempre as mãos ou utilize álcool em gel; mantenha o distanciamento social! E o que mais incomoda é quando uma dessas pessoas que debocham da doença, fazem pouco caso do isolamento; se contamina, leva o vírus pra casa, pro condomínio, e acaba ocupando vagas nos hospital, às vezes no lugar de uma pessoa idosa que ficou resguardada em casa, mas acabou pegando o vírus.
São situações que se repetem, mas nada disso parece tocar determinadas pessoas que se julgam inatingíveis quanto à situação de calamidade relacionada ao Covid-19. Nem mesmo os números que se multiplicam a cada dia e mostram um rastro de mortes superior a 300 mil pessoas em todo o mundo, este ano, por causa da doença.
No Brasil já foram confirmados mais de 260 mil casos de Covid-19 – sendo mais de 13 mil nas últimas 24 horas. Mais de 17.500 pessoas morreram no país nos últimos três meses – quase 700 de ontem pra hoje. Em Alagoas, mais de 4 mil casos confirmados; mais de 220 mortes. Não são meras estatísticas. São PESSOAS, que sofrem, choram, falecem e por traz delas, histórias de vida, família: pai, mãe, irmãos, filhos, amigos… que também choram a aflição de uma doença que mata.
E nada disso parece sensibilizar algumas pessoas que seguem a inconsequência de quem acha que tudo isso não passa de uma gripezinha qualquer.
Diante de tanto desatino, esses dias me deparei com mais uma tentativa de alertar sobre a importância do compromisso com a vida e do respeito às pessoas que morreram, vítimas de Covid-19, e dos seus familiares e amigos.
E veio em forma de poesia. Nos versos de Bráulio Bessa, musicados por Chico Cesar: INUMERÁVEIS. Pra mostrar que, se os números frios não tocam a gente, quem sabe, os nomes possam tocar.
A letra tá aí! É grande, como grandiosa é a poesia desses dois artistas.
Espero que incomode muita gente! Afinal, ‘não há quem goste de ser número. Gente merece existir em poesia.
INUMERÁVEIS
André Cavalcante era professor
amigo de todos e pai do Pedrinho
O Bruno Campelo seguiu seu caminho
Tornou-se enfermeiro por puro amor
Já Carlos Antônio, era cobrador
Estava ansioso pra se aposentar
A Diva Thereza amava tocar
Seu belo piano de forma eloquente
Se números frios não tocam a gente
Espero que nomes consigam tocar
Elaine Cristina, grande paratleta
fez três faculdades e ganhou medalhas
Felipe Pedrosa vencia as batalhas
Dirigindo Uber em busca da meta
Gastão Dias Junior, pessoa discreta
na pediatria escolheu se doar
Horácia Coutinho e seu dom de cuidar
De cada amigo e de cada parente
Se números frios não tocam a gente
Espero que nomes consigam tocar
Iramar Carneiro, herói da estrada
foi caminhoneiro, ajudou o Brasil
Joana Maria, bisavó gentil.
E Katia Cilene uma mãe dedicada
Lenita Maria, era muito animada
baiana de escola de samba a sambar
Margarida Veras amava ensinar
era professora bondosa e presente.
Se números frios não tocam a gente
Espero que nomes consigam tocar
Norberto Eugênio era jogador
piloto, artista, multifuncional
Olinda Menezes amava o natal.
Pasqual Stefano dentista, pintor
Curtia cinema, mais um sonhador
Que na pandemia parou de sonhar
A vó da Camily não vai lhe abraçar
com Quitéria Melo não foi diferente
Se números frios não tocam a gente
Espero que nomes consigam tocar
Raimundo dos Santos, um homem guerreiro
O senhor dos rios, dos peixes também
Salvador José, baiano do bem
Bebia cerveja e era roqueiro
Terezinha Maia sorria ligeiro
cuidava das plantas, cuidava do lar
Vanessa dos Santos era luz solar
mulher colorida e irreverente
Se números frios não tocam a gente
Espero que nomes consigam tocar
Wilma Bassetti vó especial
pra netos e filhos fazia banquete
Yvonne Martins fazia um sorvete
Das mangas tiradas do pé no quintal
Zulmira de Sousa, esposa leal
falava com Deus, vivia a rezar.
O X da questão talvez seja amar
por isso não seja tão indiferente
Se números frios não tocam a gente
Espero que nomes consigam tocar