19 de janeiro de 2025Informação, independência e credibilidade
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Sem ouro nem prata: O meio cultural e os gestores que não apoiam os artistas

Ser artista por aqui é, quase sempre, enfrentar uma eterna guerra para superar as dificuldades

Movimento de cultura popular. Foto: ilustração

Uma fala da atriz Fernanda Torres revela as dificuldades do meio cultural brasileiro, dada as incompreensões, falta de apoio real e até perseguições vividas por toda parte, no conjunto de uma sociedade preconceituosa, viciada no culto às próprias idiossincrasias.

Daí, viver da arte, seja fazendo música, teatro, cinema ou qualquer que seja a vertente, é, antes de tudo, uma via crucis infinita onde as considerações gerais – de quem poderia estimular o desenvolvimento do meio cultural – passam ao largo, longe de acolhimento ou pertencimento.

O setor público, mais do que qualquer outro, deveria ter um olhar diferenciado no processo de valorização da arte e da cultura em geral, mas raros são os que adotam à causa.

“Investir na cultura é investir na identidade do nosso povo, no nosso pertencimento”, disse Fernanda em uma das suas entrevistas.

Premiada e reconhecida internacionalmente, oxalá ela possa tocar a consciência dos gestores públicos, políticos e empresários, que teimam em se manter distante de tudo, como se o setor cultural fosse uma afronta ao redor dos seus interesses inconfessáveis.

Se na maioria das cidades brasileiras a arte e a cultura são praticamente relegadas pelos gestores públicos, em Alagoas não é diferente. O setor é como se fosse o patinho feio das gestões, que bem poderiam apoiar e promover criadores e criaturas do meio artístico e cultural, fortalecendo esse mercado plural, diferenciado.

Mas, a negação e o olhar torto são práticas que se renovam em cada circulo de poder.

Diz a própria Fernanda Torres que o artista brasileiro, em sua maioria, vive frustrado pelo isolamento cultural. Sobretudo no próprio País, em consequência do “complexo de vira lata” do brasileiro.

Ou seja, ser artista por aqui é, quase sempre, enfrentar uma eterna guerra para superar as dificuldades cotidianas.

Sem apoio, nem acolhimento, o isolamento e o complexo só aumentam.

Ainda há tempo de mudar. Que os artistas se unam e os gestores entendam que a cultura muda a alma das pessoas.