Ex-advogado de Jair Bolsonaro (PL), Frederick Wassef finalmente admitiu que foi aos EUA para recomprar o relógio Rolex dado por autoridades sauditas com a intenção de repassar o item para o governo federal.
“Comprei o relógio, a decisão foi minha, usei meus recursos, eu tenho a origem lícita e legal dos meus recursos”, falou o advogado para jornalistas. Ele também afirmou ter “conta aberta nos Estados Unidos”, em um banco de Miami.
“O meu objetivo quando comprei esse relógio era exatamente para devolvê-lo à União, ao governo federal do Brasil, Presidência da República, e isso inclusive por decisão do Tribunal de Contas da União”,
Não fosse o bastante, o advogado afirma ainda que “o governo do Brasil me deve R$ 300 mil”, ao mostrar um recibo de compra no valor de US$ 49 mil. “Eu fiz o relógio chegar ao governo”, disse ele, depois de negar tudo no final de semana.
A admissão, no entanto, foi com meias verdades, já que Wassef preferiu ocultar parte da história, especialmente quem o mandou comprar de volta e como vendeu originalmente.
“Não vou falar, não posso falar. Quem solicitou não foi Jair Bolsonaro, e não foi o coronel Cid”.
O relógio, segundo ele, foi pago em espécie e por dois motivos: por ser uma forma de registrar quem fez a compra, seguindo legislação dos EUA, e para conseguir “desconto”.
“Consegui US$ 11 mil dólares de desconto. Se eu compro com cartão de crédito, pago no Brasil com 5% de IOF”.
A admissão vem depois que a PF (Polícia Federal) constatou que o relógio, que integrava o kit de joias sauditas recebidas por Bolsonaro em uma viagem oficial em 2019, foi vendido nos Estados Unidos e recomprado por um preço mais alto após o TCU (Tribunal de Contas da União) ordenar a devolução dos presentes que o ex-presidente ganhou.
No fim de semana, Wassef afirmou em nota que não participou de nenhuma tratativa nem auxiliou a venda de nenhuma joia de forma direta ou indireta.
Segundo a PF, Wassef entrou no esquema de recompra de bens, como relógios, para devolvê-los, após a determinação do TCU sobre as joias dadas a Bolsonaro. Já o pai de Cid teria auxiliado na venda desses itens e emprestado sua conta bancária no exterior para recebimento dos valores dessas transações.