Contra o que chamou de oposição movida a ódio, a senador tucana Lucia Vânia, de Goiás, deixou o PSDB, de Aécio Neves, depois de mais de 20 anos de militância.
O destino mais provável da parlamentar é o PSB. Com a saída da senadora, a bancada do PSDB ficará com 11 cadeiras no Senado. PMDB e PT têm 17 e 13 senadores, respectivamente.
Em seu discurso de despedida, Lúcia Vânia criticou o acirramento da polarização entre governistas e a oposição. “Saio em busca de um novo espaço que me traga motivação, uma nova compreensão deste momento ímpar que vivenciamos no país. Não acredito em uma oposição movida a ódio. Na minha visão, esse confronto que se estabeleceu no Congresso Nacional entre situação e oposição para dar resposta a uma sociedade órfã de lideranças é simplesmente irracional. O nosso papel, mais do que nunca, precisa ser de equilíbrio e sensatez sem, contudo, deixar de condenar os desvios, a má gestão, o descompromisso com o dinheiro público. Mas isso deve ser feito com a preocupação de oferecer alternativas e reavivar esperanças. Saio em busca dessa utopia”, disse a senadora.
O conflito entre a senadora e o PSDB ganhou destaque logo após a reeleição de Rena Calheiros (PMDB-AL) como presidente do Senado, em fevereiro. Em discurso feito no plenário no dia 4 de fevereiro, Lúcia Vânia disse ter sido exposta pela liderança do partido, que barrou sua indicação para a Primeira-Secretaria da Mesa, sugerindo que ela havia votado em Renan, e não em Luiz Henrique (PMDB-SC), candidato apoiado pelos tucanos.
Ao deixar a legenda a senadora traçou um rápido histórico de sua trajetória política, lembrando que assumiu a Secretaria Nacional de Assistência Social a convite do então presidente Fernando Henrique Cardoso. Na secretaria, a senadora implantou a Lei Orgânica da Assistência Social, a Loas, e criou o benefício continuado para idosos e pessoas com deficiência.
A senadora disse, ainda que apoiou todas as últimas candidaturas presidenciais pelo PSDB: José Serra, Geraldo Alckmin e Aécio Neves. Lúcia Vânia fez um agradecimento especial ao presidente do Senado, Renan Calheiros, pelo seu empenho na valorização do papel da mulher na política brasileira.
Ela revelou ainda que vem sendo “maltratada” pela legenda por meses. “Por tudo o que aqui expus, somam-se ainda diversos outros episódios de desprestígio político-partidário que, em última análise, têm afetado o próprio exercício do mandato que o povo goiano me conferiu”, disse a senadora em 4 de fevereiro.