Paulo Jacinto que viveria neste sábado (8) a festa da ressaca do carnaval, teve que desfazer tudo após o anúncio da morte do ex-prefeito Neulivan Vasconcelos ocorrida na quinta-feira (7). Neulivan governou a cidade no período de 1993-1996.
E, de repente, a tristeza aumenta, quando nesta sexta-feira (8) veio a notícia da morte de um velho conhecido de todos os paulo-jacintenses: Sócrates Costa da Silva, seu Sócrates.
Em uma cidade pequena quase todos se conhecem e convivem de forma simples e tranquila. Neulivan foi um fazendeiro que enveredou pelo setor agropecuário e fez sua história entre os homens do agronegócios no Estado. Cumpriu papel importante na política, na condição de prefeito com apoio popular.
Seu Sócrates foi um militar que fez história pela prestação de serviços à sociedade local, onde criou 9 filhos. Foi um homem rígido e gostava das coisas certas. Com ele não tinha moleza. Assim foi na criação dos filhos e no tratamento com os amigos, mas, mantendo o devido respeito na convivência com a sua gente.
Natural de Ibateguara, conquistou sua cidadania paulojacintense pela forma de ser boa gente. Logo se revelou um bom desportista, amante do futebol, da cavalhada, da vaquejada e até da natação. Afinal, vez por outra, tinha que mergulhar no rio Paraíba cheio para salvar alguém que se afogava.
Mas, se havia uma coisa que seu Sócrates não dispensava era uma boa farra com os amigos. De preferência com alguém tocando um violão, onde ele pudesse cantar Disparada: ‘Na Boiada já fui boi/Boiadeiro já fui rei/Nem por mim nem por ninguém”… Era uma festa, sempre.
Essa memória é do pertencimento da minha geração porque, normalmente, acompanhávamos os pais reunidos nessas festas de casa em casa, principalmente nos dias de carnaval e dos bailes da chita. E essa herança da alegria, de valorizar o companheirismo e os laços de amizade ele deixou para os seus filhos e filhas, a quem aqui rendo minhas homenagens pelo aprendizado digno e pela preservação dessa vida irmanada.
E parabenizo ainda mais a serenidade e a fortaleza de dona Rosa, a matriarca, que conduziu a família para esse terreno da dignidade com alegria e respeito. Exatamente assim seu Sócrates e Dona Rosa conquistaram Paulo Jacinto e os paulo-jacintenses.
Ele agora parte para outro plano e certamente continuará soltando a voz com velhos amigos que por lá lhe esperam. Mas deixa aqui em terra o legado do homem que soube viver e se divertir como poucos. Como disse o amigo Zé Júlio, seu filho mais velho: “Não há tristeza, Marcelo, porque papai do alto dos seus 90 anos viveu tudo que podia e soube aproveitar o lado bom da vida. Ele nos orgulha”.
Que a paz lhe seja companheira, comandante Sócrates
Recordo de Seu Sócrates, o acompanhando no violão: “macaco não é valente, tome aí dezessete na corrente…”