Sílvio Santos, dono do SBT, nunca escondeu que é subserviente ao governo Bolsonaro. E nada se tornou mais evidente que isso, do que sua censura ao programa jornalístico “SBT Brasil”.
Após a edição de sexta (22) exibir trechos da fatídica reunião ministerial de 22 de abril, ele mandou cancelar e exibição de sábado (23) de seu noticiário. No lugar, colocou a reprise do Triturando, um programa de fofocas.
Principal telejornal do SBT, no ar desde agosto de 2005, o “SBT Brasil” nunca havia deixado de ir ao ar. E não houve qualquer aviso ao telespectador sobre a mudança na grade deste sábado.
De lá dos Estados Unidos, Silvio ligou para o telejornal dizendo que não gostou da exibição do vídeo, já que o mesmo prejudicaria seu “patrão”.
Após a repercussão e críticas à censura feita ao telejornalismo de seu canal, Sílvio Santos voltou atrás e decidiu exibir a reunião. Na íntegra. Mas só porque ele acha que o conteúdo é positivo para o presidente Jair Bolsonaro.
“Ele fala o que as pessoas querem ouvir”, teria dito o empresário e apresentador, conforme o relato do site do jornalista Fernando Rodrigues.
O cancelamento teve motivação política e foi uma determinação do próprio Silvio Santos. Só que agora ele mesmo decidiu exibir a íntegra, sem nem mesmo cobrir o som das palavras vulgares. Ele acha bom mostrar com os palavrões.
Uma outra opção seria exibir até mesmo a íntegra do vídeo da reunião depois do “Programa Silvio Santos”, à meia-noite. Neste horário está marcado para ir ar o programa de entrevista “Poder em Foco”, apresentado por Fernando Rodrigues.
Curiosamente, o convidado desta semana é o ex-candidato presidencial Fernando Haddad (PT). No Twitter, neste domingo, Haddad fez duas postagens a respeito. Inicialmente, ele divulgou uma notícia sobre a entrevista, informando que ela vai ao ar neste domingo, à meia noite. Uma hora depois, ele republicou com uma piada: “Ou não”.
Ou não… https://t.co/ypOnZuCjXJ
— Fernando Haddad (@Haddad_Fernando) May 24, 2020
Independente de exibir ou não, ainda mais no lugar de uma entrevista de Haddad, o estrago já fora feito. O clima no departamento de jornalismo do SBT, segundo Mauricio Stycer, está péssimo.
Os funcionários ainda estão perplexos com a decisão de Silvio Santos, em cancelar a edição do “SBT Brasil” de sábado, algo ainda não muito bem digerido.
Para se ter uma ideia da subserviência, há pouco mais de um mês, após a demissão de Luiz Henrique Mandetta, foi noticiado que Silvio havia indicado ao presidente um nome para o comando do Ministério da Saúde. Em nota, ele negou a informação e disse:
“A minha concessão de televisão pertence ao governo federal e eu jamais me colocaria contra qualquer decisão do meu ‘patrão’ que é o dono da minha concessão. Nunca acreditei que um empregado ficasse contra o dono, ou ele aceita a opinião do chefe, ou então arranja outro emprego”. Sílvio Santos, dono do SBT.
Não é só na Record, afinal, que Bolsonaro tem uma casa, afinal. No SBT, a praça é dele. É muito dele.