23 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
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Tá liberado: Bolsonaro não só perdoa quem o chama de ‘fascista’, como torna ministro

Presidente ainda autorizou que brasileiros deem tapa na sua cara se as comprovadas urnas eletrônicas se provarem confiáveis

Após perder a live da semana passada por está com obstrução intestinal, o presidente Jair Bolsonaro realizou sua apresentação das quintas-feiras e mais uma vez soltou algumas “pérolas”.

E desta vez autorizou não só ser chamado de fascista (talvez até coisa pior) como literalmente deu a cara a tapa na questão das urnas eletrônicas.

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Nesta quinta (22), Bolsonaro se viu obrigado a comentar as falas do senador Ciro Nogueira (PP-PI). O presidente o escolheu nesta semana para ocupar o ministério da Casa Civil a mesma pessoa que o chamou de fascista, até pouco tempo atrás.

“Tem vídeo circulando que ele me chamou de fascista lá atrás. Sim, me chamou. As coisas mudam. Eu tinha posições no passado que não assumo mais hoje, mudei. Nenhuma de forma radical”. Jair Bolsonaro.

Em 2018, Nogueira apoiou o candidato do PT, Fernando Haddad, no segundo turno das eleições presidenciais. Em 2017, ele chamou Bolsonaro de “fascista” e “preconceituoso” em uma entrevista a um programa da Rede Meio Norte.”

O Bolsonaro, eu tenho muita restrição porque é um fascista. Tem um caráter fascista, preconceituoso. É muito fácil você ir para a televisão dizer que vai matar bandido”. Ciro Nogueira, na ocasião.

Agora, Ciro Nogueira segundo o próprio presidente, entra no lugar do general Luiz Eduardo Ramos, com o objetivo de facilitar a relação entre o governo federal e o Congresso. Bolsonaro está encrencado e precisa do centrão. Aliás, “ele é o centrão”.

Tapa na cara

Além de liberar ser chamado de fascista, preconceituoso e, quem sabe, coisa pior, Bolsonaro foi além e autorizou que brasileiros dêem tapa na sua cara. Isso mesmo: vale uma agressão no rosto do presidente se as comprovadas urnas eletrônicas se mostrarem confiáveis.

“Nós queremos é fazer com que o sistema eletrônico de votação seja confiável e ninguém tenha dúvidas do resultado final. Barroso foi para dentro do Congresso Nacional se reunir com lideranças partidárias, dizendo que as urnas são plenamente confiáveis? Se são, dá um tapa na minha cara”. Jair Bolsonaro.

Atrás de Lula nas pesquisas, Bolsonaro tem mede de ser derrotado e insistindo na tecla de que o atual sistema eletrônico é passível de fraudes. Ele chega a ameaçar a existência do pleito, caso não retorne ao modelo de voto impresso – o mesmo de 1994, quando ele recebeu votos suspeitos.

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“Nunca houve fraude documentada. Jamais. Apenas o pedido de auditoria solicitado pelo então candidato Aécio Neves e que não se apurou impropriedade porque não há. Se o presidente da República ou qualquer pessoa tiver provas [de fraude] tem o dever cívico de entregá-la ao Tribunal e estou com as portas abertas”. Luís Roberto Barroso, ministro do STF e presidente do TSE.

“O resto é retórica política, são palavras que o vento leva”, completou o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).

Resta saber: dar tapa na cara de Bolsonaro é apenas retórica política ou realmente está liberado?