29 de março de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

TSE: Moraes defende urnas e ataca fake news em discurso não aplaudido por Bolsonaro

Sentado em posição de honra destinado a ex-presidentes, Lula teve hoje seu primeiro encontro público com Bolsonaro

Em discurso ao tomar posse na presidência do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), na noite de hoje, o ministro Alexandre de Moraes defendeu as urnas eletrônicas e prometeu um combate “implacável” da Corte a fake news contra o sistema eleitoral.

Moraes afirmou que a interferência da Justiça sobre as eleições será mínima, mas que ela não permitirá abusos do direito à liberdade de expressão.

O presidente Jair Bolsonaro (PL) não aplaudiu o discurso do ministro recém-empossado como presidente do TSE, que fez uma defesa enfática das urnas e do sistema eleitoral.

No início da noite, Moraes assumiu a presidência do TSE, sucedendo o ministro Edson Fachin, para cumprir mandato de dois anos. O novo vice-presidente é o ministro Ricardo Lewandowski.

O novo presidente iniciou seu discurso afirmando que a Justiça Eleitoral atua com transparência e honra sua história vocação de concretizar a democracia.

“Somos a única democracia do mundo que apura e divulga os resultados eleitorais no mesmo dia, com agilidade, segurança, competência e transparência. Isso é motivo de orgulho nacional”, declarou.

Bolsonaro, que estava sentado ao lado da cadeira da presidência da Corte, foi o único da mesa que não aplaudiu.

Sobre as urnas eletrônicas, o presidente disse que sempre haverá o aperfeiçoamento do sistema, fato que garante a divulgação do resultado no mesmo dia da votação.

“Os brasileiros e brasileiras teclaram com confiança o seu voto, aguardando a apuração, a proclamação do resultado no mesmo dia para segurança, tranquilidade e orgulho de nossas eleitores e eleitoras”, disse.

O ministro também afirmou que o exercício da democracia garante a possibilidade periódica do eleitor escolher seus representantes.

“Respeito às instituições é o único caminho de crescimento e fortalecimento da República, e a força da democracia como único regime político, onde todo poder emana do povo e deve ser exercido pelo bem do povo”.

No final do discurso, Moraes pediu respeito à democracia. “É tempo de união. É tempo de confiança no futuro e, principalmente, tempo de respeito, defesa, fortalecimento e consagração da democracia”, completou.

Ao final do discurso de Moraes, o presidente, relutante, se levantou junto das demais autoridades do evento, mas também não aplaudiu o magistrado, se limitando a cumprimentá-lo com um aperto de mão.

Rivais

Sentado em posição de honra destinado a ex-presidentes no plenário do TSE, Lula (PT) teve hoje seu primeiro encontro público com Bolsonaro. Durante a entrada do presidente, o petista não se levantou e foi visto abrindo uma garrafa de água enquanto os demais presentes aplaudiam.

Dilma e Lula chegaram juntos e foram cumprimentados por alguns dos presentes, principalmente ministros do STF, como Cármen Lúcia e Rosa Weber, ambas indicadas à Corte durante o governo petista.

Os dois se sentaram ao lado do ex-presidente José Sarney, em uma fileira única de quatro cadeiras bem em frente aos ministros do TSE. Michel Temer (MDB) se sentou na ponta direita do grupo, afastado de Dilma, que o chamou de “traidor”.