O ministro Celso de Mello, do STF (Supremo Tribunal Federal) determinou a abertura de inquérito para investigar o ministro da Educação, Abraham Weintraub, pelo crime de racismo.
Em abril, Weintraub usou o personagem Cebolinha, da Turma da Mônica, que troca a letra “r” pela “l”, para fazer referência ao sotaque chinês e insinuar que o novo coronavírus atenderia a interesses do país que teve o primeiro foco da pandemia.
“Geopoliticamente, quem podeLá saiL foLtalecido, em termos Lelativos, dessa crLise mundial? PodeLia seL o Cebolinha? Quem são os aliados do BLasil do plano infalível do Cebolinha paLa dominaL o mundo”? Abraham Weintraub, ministro da Educação.
A China reagiu por meio do embaixador no Brasil, Yang Wanming, que chamou o ministro de racista. Depois disso, Weintraub apagou a postagem de seu perfil no Twitter. Mas a embaixada da China no Brasil reagiu:
— Embaixada da China no Brasil (@EmbaixadaChina) April 6, 2020
E piora: após seu post ofensivo no Twitter, o ministro disse que pediria perdão. Mas só com uma condição:
“Dado que a Embaixada chinesa ficou tão ofendida, e eu sei como é a negociação dos chineses, esse processo cultural, ‘estou extremamente ofendido, venha pedir desculpas de joelhos aqui’, (.eu vou fazer o seguinte, meu acordo: Eu vou lá, eu peço desculpas, peço ‘por favor, me perdoem pela minha imbecilidade’. A única coisa que eu peço é que dos 60 mil respiradores que estão disponíveis, eles vendam mil para o MEC, para salvar vida de brasileiros, pelo preço de custo”. Abraham Weintraub, ministro da Educação.
A declaração foi dada em 6 de abril no programa do jornalista José Luiz Datena, na Rádio Bandeirantes, em que ele também disse não ter sido preconceituoso quando atacou o governo chinês, afirmando que o país teria retido informações sobre a pandemia do novo coronavírus para agora vender respiradores e equipamentos de proteção individual.
O que pensava, afinal, Weintraub? Que agora a China sentiu e se sentirá obrigada a vender mil respiradores a preço de custo para o Brasil? Ou do contrário não receberá o pedido de desculpa do ilustríssimo ministro da educação Abraham Weintraub?
Inquérito
O Ministério Público Federal pediu a abertura da investigação alegando que o comportamento do ministro da Educação “configura, em tese, a infração penal prevista na parte final do artigo 20 da Lei 7.716/1989, que define os crimes resultantes de preconceito”.
Celso de Mello afastou a possibilidade de o inquérito correr sob sigilo. E também a oportunidade que o MPF queria dar a Weintraub de depor em dia e hora previamente acertado com os procuradores. Segundo o ministro, apenas autoridades que são vítimas ou testemunhas gozam desse privilégio.